CPI da CEMIG

Diretor da Cemig teria discutido investigação de funcionários com a Kroll

Diretora geral da Kroll, Fernanda Carneiro, disse que investigação independente não é ilegal porque contou com autorização expressa da estatal mineira

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 07 de outubro de 2021 | 17:43
 
 
 
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A diretora geral da Kroll, Fernanda Carneiro, disse nesta quinta-feira (7) que representantes da empresa discutiram com o diretor jurídico da Cemig, Eduardo Soares, a investigação realizada pela empresa na estatal mineira. Ela prestou depoimento na condição de testemunha à CPI da Cemig na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Como mostrou O TEMPO, o plano de trabalho da Kroll para a investigação independente que realiza na Cemig sobre suspeitas de corrupção na área de Suprimentos previa a instalação de um “agente invisível” nos computadores dos funcionários para monitorá-los em tempo real.

Fernanda Carneiro disse que, devido ao sigilo da investigação, não poderia responder se o agente invisível foi de fato instalado nos computadores da Cemig. Ela afirmou que a prática não é ilegal porque o eventual monitoramento dos computadores, se ocorreu, e a coleta de dados, foram realizados em computadores que são de propriedade da Cemig e com autorização expressa da estatal mineira.

Porém, ela afirmou que “acreditava” que na primeira proposta de trabalho enviada pela Kroll à Cemig no dia 13 de novembro de 2020 não constava a possibilidade do uso do agente invisível. Mas disse também acreditar que a ferramenta estava inclusa na segunda proposta, enviada no dia 30 de novembro.

Perguntada pelos deputados sobre quem, na Cemig, discutiu mudanças na proposta, ela disse que “foi uma discussão interna entre pessoas da Cemig e da Kroll. Isso envolve, por exemplo, o diretor jurídico da empresa e outras pessoas”.

Questionada sobre quem, além do diretor jurídico, se reuniu com a Kroll no intervalo entre as propostas, a diretora geral respondeu: “Foi especificamente o senhor Eduardo Soares”.

A reportagem pediu um posicionamento da Cemig e do diretor jurídico Eduardo Soares por meio da assessora de imprensa da empresa.

Como resposta, a estatal mineira disse que "o escopo dos trabalhos foi debatido e definido entre Cemig e Kroll, resultando na versão final de escopo de trabalho, que foi a base para a contratação da empresa de investigação forense."

O diretor jurídico Eduardo Soares chegou a entrar na lista de investigados pela CPI, que também aprovou um pedido para quebrar seu sigilo fiscal, telefônico e telemático.

Porém, ele conseguiu uma decisão liminar no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) no último dia 30 de setembro que suspende a quebra de sigilo e também a transformação em investigado.

Fernanda Carneiro explicou aos deputados que o time de investigação da Kroll se reporta a uma Comissão Especial de Investigação formada por integrantes da Cemig e por um membro independente.

“O monitoramento de computadores, falando hipoteticamente, é parte da investigação corporativa que vai ser realizada. É analisado pelo time de investigação para saber se há algo relevante que precisa ser reportado à Comissão Especial de Investigação”, afirmou a diretora geral da Kroll.

Em nota ampla divulgada à imprensa sobre o depoimento desta quinta-feira (6), a Cemig explicou que contratou a Kroll "após a Companhia ter sido comunicada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) de apurações sobre a conduta dos então gestores da área de compras em supostos casos de corrupção".

"Esses gestores foram afastados para apuração das denúncias. Como informado no depoimento desta quinta-feira (7/10), as investigações ocorrem exclusivamente a partir de ofícios do MPMG recebidos pela Cemig sobre corrupção na área de compras", disse a Cemig.

"Como empresa de investigação forense independente, a Kroll tem autorização para captar informações em equipamentos que pertencem à Companhia. Isso foi feito em computadores e celulares corporativos utilizados por investigados e custodiantes. Custodiantes são aqueles que, em razão de sua atuação profissional, podem ter armazenadas informações de interesse das investigações", acrescentou a estatal mineira".

"Em razão da gravidade das denúncias e da urgência do início de uma investigação independente, foi solicitada à Kroll a apresentação de proposta, que depois de aceita pela Cemig permitiu à empresa de investigação o início da prestação dos serviços", encerra o comunicado à imprensa.

 

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