De um lado, articuladores da campanha do PT para a Presidência tentam convencer o ex-presidente Michel Temer (MDB) a ajudá-los na ampliação do apoio do partido à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em vez da senadora Simone Tebet.
Do outro, dirigentes petistas aprovam uma resolução com críticas à gestão de Temer (2016-2018). Na quarta-feira (20), durante o encontro nacional “Marcelo Arruda” do Partido dos Trabalhadores, foi aprovada a resolução política "sobre o momento do país, a urgência de mudanças e a esperança do Brasil na eleição de Lula".
Entre outras críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), principal adversário de Lula na disputa à Presidência, um trecho do documento responsabiliza o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), sucedida pelo vice à época, Michel Temer, por interromper o desenvolvimento do país.
"O projeto de país com crescimento, distribuição de renda, políticas de bem-estar social, plenas liberdades democráticas e soberania foi interrompido por meio do golpe do impeachment da presidenta Dilma, em 2016, que levou ao poder um projeto neoliberal e fez o Brasil retroceder em conquistas sociais, políticas públicas e investimentos do estado para o crescimento e geração de empregos e renda", considera o texto, sem citar que Temer assumiu o cargo de chefe do Executivo federal nesse período.
Na segunda-feira (18), após reunião com lideranças do MDB, Temer foi procurado pela ala lulista do partido para interceder no adiamento da convenção nacional da legenda, que confirmaria o nome de Simone Tebet como candidata. No entanto, o evento segue marcado para o dia 27, em formato virtual.
Nesta quinta-feira (21), a convenção nacional da federação PT-PV-PCdoB oficializou a chapa Lula-Alckmin para a Presidência da República.
Temer deu entrevista, também nesta quinta-feira, e disse que Dilma caiu por um conjunto de fatos agravados em razão do relacionamento dela com o Congresso Nacional, somado à pressão das ruas. Contudo, ele rechaça denúncias de corrupção contra a ex-presidente.
O ex-presidente negou a existência de qualquer golpe, como acusam grupos de esquerda, incluindo o próprio PT, e demonstrou que isso o incomoda.
Além disso, Temer se queixou dos discursos de Lula em que ele critica as reformas implementadas durante a gestão do emedebista, como o teto de gastos e a trabalhista. Ele demonstrou que isso prejudica as chances de um diálogo e apoio à candidatura petista.
"Ele [Lula] fala a todo momento de golpe. Como vou apoiar alguém que quer destruir um legado que, com toda a modéstia, [é] muito positivo para o nosso país?”, expôs Temer.
"Lula tem que dar demonstrações públicas das vitórias que tivemos em nosso governo, afinal ele é um homem público. Ele fala para a base dele, mas não sei se ele acredita nisso de fato", acrescentou.
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