Em meio a polêmica sobre a mineração na Serra do Curral, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), candidato à reeleição no Estado, afirmou que existem outras formas de compensação ambiental. Em entrevista à rádio Líder FM, em Ubá, na Zona da Mata, nesta quarta-feira (10), Zema criticou alguns processos que considera muito burocráticos.
Em abril, o Conselho Estadual de Política Ambiental em Minas Gerais (Copam), ligado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, aprovou uma licença para que a mineradora Tamissa minerasse na Serra do Curral por 13 anos. A autorização gerou revolta de ambientalistas e desde então vem sendo questionada judicialmente.
"Nós temos métodos inteligentes de compensação. Se alguma indústria entrou em uma área que não poderia, cortou 10 árvores, obriga ela a plantar 200 (árvores) em outro local, não é demolir uma unidade produtiva que gera emprego", respondeu o governador quando questionado sobre quais medidas ele pretendia viabilizar para ajudar os empresários em relação à burocratização ambiental
Zema frisou, no entanto, que é preciso bom senso do setor público. O candidato à reeleição citou que existe uma parcela do setor público que considera todo empresário e empreendedor como "criminoso tributário, ambiental e trabalhista".
"Infelizmente, nós temos algumas pessoas dogmáticas, que não tem bom senso. Você corta uma árvore, aí você fala que planta 200 e ela fala não: 'eu quero é que você remova a sua casa'", argumentou. "Temos empreendedores ruins, que fazem coisas erradas sim, mas temos que separar o joio do trigo, não é ficar generalizando", completou o governador que citou como exemplo uma empresa que construiu em uma área de preservação permanente e "de repente" se viu ilegal.
"A pessoa construiu há 30 anos um galpão (...) depois chega uma notificação falando que ela invadiu uma área de preservação e na época ela nunca soube disso (...) temos que preservar o meio ambiente sim, mas, agora, uma área que já foi afetada e degrada há décadas, não é essa que tem que tem que ser preservada, tem que ser áreas novas", pontuou.
Segundo Zema, seu governo tem trabalhado para desburocratizar questões tributárias, ambientais e sanitárias. "O empreendedor ficava anos aguardando um processo e, agora, em questão de semanas ou meses, ele tem tudo resolvido dentro do Estado (..) a ordem que eu dou para o meu secretariado é para falar sim ou não rapidamente. Se foi dito que sim, ele (empresário) vai investir rápido e criar empregos. Se falou que não, ele (empresário) muda os planos da vida dele", destacou.
Serra do Curral
Quase 25 anos após ter sido eleita símbolo de Belo Horizonte pela população, a Serra do Curral - chamada de cartão-postal da capital mineira - se tornou um dos principais temas da disputa pelo governo de Minas Gerais. O governador Romeu Zema (Novo), que concorre à reeleição, é favorável à exploração de minério na região e defende a legalidade da decisão do Copam que aprovou a exploração de minério no local. De outro, todos os seus adversários este ano já se manifestaram contra a atividade.
No último mês, a Justiça mineira suspendeu a liberação para a exploração da área. A autorização havia sido concedida, em abril, pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), ligado à Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Mas três dias depois, o mesmo juiz que havia decidido pela suspensão revogou a própria determinação.
Em meio a polêmica e após muita pressão, o governador Romeu Zema (Novo) propôs reconhecer a Serra do Curral como área de relevante interesse cultural do Estado. Na prática, a medida pretendia agilizar o processo de tombamento do local, mas não impede a mineração.
Após o impasse, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspendeu as atividades de mineração na região até que sejam concluídas as discussões sobre o tombamento estadual da área. Na ocasião, a mineradora se comprometeu a não intervir na área do empreendimento até que as negociações sejam finalizadas. Uma nova audiência foi agendada para 2 de setembro.