Apontado como operador do escândalo do Mensalão, o publicitário Marcos Valério afirmou, em delação premiada à Polícia Federal, que ouviu de membros da cúpula do PT detalhes sobre o que seria uma relação entre o partido e o Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação foi publicada pela revista Veja.
Valério diz ter ouvido o relato do ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, que o ex-presidente Lula era chantageado por um empresário do ramo dos transportes, Ronan Maria Pinto. Ele ameaçava revelar detalhes de um suposto esquema ilegal de arrecadação de recursos para financiar parlamentares petistas.
Segundo Marcos Valério, o esquema envolveria dinheiro de empresas de ônibus, operadoras de transporte pirata e de bingos - proibidos no pais por uma medida provisória editada pelo governo Lula, em 2004, após escândalo envolvendo o ex-subchefe da Presidência Waldomiro Diniz.
No caso dos bingos, os repasses seriam lavagem de dinheiro do crime organizado. No depoimento, Valério menciona de forma genérica o PCC.
Na mesma delação, o publicitário relata que o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), assassinado em 2002, teria elaborado um dossiê apontando quais políticos petistas teriam recebido os recursos.
De acordo com o delator, o dinheiro ia para membros da cúpula da legenda, além de deputados e vereadores. Porém, Valério afirma que o dossiê sumiu. “Ninguém achou esse dossiê mais”, destacou.
Após a morte de Celso Daniel, ainda segundo o publicitário, o PT afastou os políticos supostamente envolvidos com o PCC.
“A posteriori, o PT fez uma limpa, tirando um monte de gente, vereador, que era ligado ao crime organizado. Vocês podem olhar direitinho que o PT fez uma limpa, expulsando do partido essas pessoas”, disse Valério.
Marcos Valério foi condenado a 37 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o escândalo do Mensalão, que realizava pagamentos a parlamentares em troca de apoio no Congresso Nacional ao governo Lula.
A reportagem de O TEMPO entrou em contato com a assessoria do Partido dos Trabalhadores e até a publicação desta reportagem, ainda não obteve resposta.
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