Em apenas um mês o partido Novo perdeu 20,3% dos filiados em Minas Gerais. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, em março o partido tinha 6.638 membros registrados. Em abril, o número caiu para 5.290, uma redução de 1.348 filiados.
Uma das pessoas que deixaram o partido foi o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant. Ele anunciou o desligamento do partido no início de março após a saída do secretário de Governo, Bilac Pinto, na esteira da decisão do governador Romeu Zema (Novo) de vetar parte do reajuste que havia sido acordado com as forças de segurança.
A queda se destaca por ter ocorrido em um período em que os demais partidos políticos aumentaram o número de filiados. O prazo para novas filiações com o objetivo de disputar as eleições terminou no dia 4 de abril, o que se refletiu nos números: em abril, o Avante foi o partido que mais registrou aumento do número de novos membros, com 11.287; em seguida, vem o PSL com 10.308; e o PSD com 10.064 novos filiados.
O TSE não disponibiliza a data exata de cada filiação. Nos meses de janeiro, fevereiro e março a variação no número de filiados foi consideravelmente menor do que a registrada em abril, o que sugere que as novas filiações têm finalidade eleitoral. Entre janeiro e março, por exemplo, o Avante perdeu mil filiados.
Além do Novo, apenas dois outros partidos registram redução no número de membros: o PCdoB perdeu 237 filiados e o PSTU, 3.
Somando todos as movimentações partidárias, 100 mil novas pessoas filiaram-se a um partido político em Minas Gerais no mês de abril, na comparação com março. No total, são 1,7 milhão de mineiros filiados à uma legenda.
O presidente do Novo em Minas Gerais, Ronnye Antunes, atribui a redução no número de filiados aos impactos econômicos causados pelo novo coronavírus. O Novo pede uma contribuição de R$ 30 mensais para seus filiados. De acordo com Antunes, há a possibilidade do filiado não realizar a doação em determinado mês e se tornar um membro inativo.
“Não foi por nenhuma insatisfação com o partido. Não tenho dúvidas que é por causa de uma questão financeira causada por esse período de quarentena e do coronavírus”, disse.
Se por um lado perdeu filiados, por outro o Novo abriu mão do que é, tradicionalmente, um dos principais fatores que levam novos filiados para as legendas: a possibilidade de ser candidato. O partido decidiu lançar chapa com prefeito e vereadores em apenas quatro cidades: Belo Horizonte, Contagem e Araxá. O candidato a prefeito em Poços de Caldas desistiu de concorrer. Juiz de Fora não terá candidato a prefeito, mas poderá lançar vereadores.
“Estamos perdendo filiados em todas as cidades, mas ganhando exatamente nessas cinco cidades que vamos disputar as eleições de 2020”, disse o presidente do Novo em Minas Gerais.
De acordo Ronnye Antunes, o diretório estadual planejava lançar candidatos em 80 cidades, mas teve que acatar decisão da direção nacional do partido, que determinou que só poderia haver chapa do partido em municípios com mais de 300 mil habitantes, 150 filiados e R$ 60 mil em doações.
O senador Carlos Viana, presidente estadual do PSD, atribui o crescimento no número de filiados do partido ao trabalho realizado nas comissões partidárias municipais. Em 2018, segundo o senador, havia 716 comissões do partido espalhadas por Minas Gerais. No entanto, 295 delas estavam inativas por falta de prestação de contas ou representação local e 235 que funcionavam, mas como “partido de gaveta”.
“A minha meta foi ampliar o número de comissões, mas principalmente as comissões ativas. Nós temos hoje 538 comissões publicadas, com chances de eleição de vereadores e prefeitos, e 262 ainda em prestação de contas. São 800 cidades. Os outros 53 municípios não conseguimos ter tempo para trabalhar, mas vamos tentar trazê-las em para 2022. Nossa meta é ter o PSD nos 853 municípios”, afirma o senador.
Carlos Viana afirma que não há boa vontade dos partidos em adiar as eleições municipais de outubro para 2022, unificando as eleições.
“Isso terá de ser feito por consulta popular, na minha opinião, feita pelo TSE. A população dizendo que quer unificar, aí sim, haveria uma força popular. Fora isso, a data da eleição para outubro estará mantida com duas possibilidades: finais de semana seguidos, sábado e domingo, sábado e domingo; ou no máximo novembro ou início de dezembro, passada a pandemia”, disse.
No começo da pandemia no Brasil, alguns partidos, como o PSC, pediram ao TSE a extensão do prazo para filiação de candidatos por causa das dificuldades impostas pelo novo coronavírus. O pedido foi rejeitado por unanimidade.
“No nosso caso (a pandemia) não atrapalhou em nada. Eu assumi o partido em novembro e já vinha realizando essas conversas. Dediquei grande parte do meu tempo para atender os pré-candidatos. Por isso que eu acho, inclusive, que saímos muito na frente com relação aos outros partidos”, disse o deputado federal e presidente do PSL em Minas, Charlles Evangelista.
De acordo com ele, a expectativa é que haja uma decisão do presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, sobre a data das eleições municipais.
“É praticamente um consenso que as eleições sejam realizadas neste ano. Temos que colocar as vidas das pessoas em primeiro lugar. Se a gente ver que a eleição pode ser um risco para o nosso país, de mais pessoas nos hospitais ou de piorar mais ainda o colapso no sistema de saúde, acredito que o adiamento será unanimidade”, afirma Evangelista.