Brasília. A empresária mineira Ana Cristina Aquino, dona de transportadoras, acusa o ex-ministro do Trabalho e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, de receber propina para liberar o registro de um sindicato durante sua gestão na pasta. Em entrevista à revista “IstoÉ”, ela disse ter levado R$ 200 mil ao pedetista como suborno para acelerar a criação do Sindicato dos Cegonheiros de Pernambuco (Sincepe) e que o atual titular do Trabalho, Manoel Dias (PDT-SC), também participa do esquema.
A empresária, sócia das empresas AG Log e AGX Transportes, contou ter protocolado pedido de carta sindical no ministério em outubro de 2011. Depois disso, teria ido ao gabinete de Lupi com uma bolsa cheia de dinheiro, a primeira parcela de uma propina de R$ 3 milhões.
“Levei R$ 200 mil para ele. Carregando uma bolsa nas costas, fui direto para o gabinete. Segurando uma mochilinha da Louis Vuitton. Não tem aquelas compridinhas? Foi daquelas”, disse ela, segundo a reportagem da revista.
O encontro teria ocorrido no fim de 2011, pouco antes de Lupi ter sido forçado a pedir demissão do governo por suposto envolvimento em várias irregularidade, entre elas, a liberação para a criação de sindicatos.
Ana Cristina contou que foi ao ministério acompanhada do advogado João Graça, assessor de Dias e homem de confiança do então ministro, que teria sido sócio das duas empresas. “Usamos o elevador do ministro. O doutor João Graça manda naquele ministério”, relatou à reportagem.
Com o afastamento de Lupi do ministério do Trabalho, o processo teria parado na pasta. Contudo, após a nomeação de Dias, no ano passado, os trâmites recomeçaram até a imprensa revelar que o caso estava sendo investigado pela Polícia Federal. “Esse aí (o ministro Dias) ia liberar. Só não liberou por causa da reportagem”, afirmou.
Segundo a “IstoÉ”, a empresária levou suas denúncias ao Ministério Público Federal (MPF), que deve instaurar inquérito.
Pressão. Questionado se a série de denúncias poderia forçá-lo a entregar o cargo, como fez o antecessor, o ministro Manoel Dias reagiu: “Não tenho nenhum constrangimento. Não houve de minha parte prática de nenhuma irregularidade”, declarou Dias.
“O senhor conhece a minha história? Vou ler isso aí, vou tomar as medidas que tenho de tomar. Minha vida política é em cima de ética”, completou o atual ministro. Lupi e João Graça disseram que só vão se pronunciar após ter acesso às provas apresentadas pela denunciante.
Paraná
Contrato. Ana Aquino também disse ter pago R$ 500 mil ao secretário de Logística do Paraná, Pepe Richa, irmão do governador Beto Richa (PSDB), para obter um contrato na área de transportes.