Oposição

Esquerda se divide sobre comparecimento a atos contra Bolsonaro no domingo em BH

Manifestação a favor do impeachment do presidente foi convocada pelo MBL, Vem Pra Rua Independentes e Livres

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 10 de setembro de 2021 | 19:48
 
 
 
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Assim como acontece no cenário nacional, parte da esquerda mineira não comparecerá ao ato deste domingo (12) às 10h na Praça da Liberdade em Belo Horizonte pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). PT, PSOL e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) informaram que não vão participar da manifestação

Já PDT, Rede e o movimento Acredito estarão presentes no protesto na capital mineira. O Cidadania convocou seus filiados a participarem, mas disse que o comparecimento ficará a critério de cada um. A nível nacional, o PCdoB também orientou seus integrantes a participarem, mas ainda não há uma decisão dos diretórios estadual e municipal.

O protesto do dia 12 foi convocado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e inicialmente a pauta era defender uma terceira via nas eleições sob o mote “Nem Lula, nem Bolsonaro”. Porém, após as manifestações bolsonaristas de 7 de setembro, foi aberto um diálogo com as forças de esquerda que resultou na mudança da pauta para o impeachment do presidente e a adoção do branco como cor oficial.

“A gente decidiu que mais importante do que pensar em 2022, é garantir que nós vamos ter condições democráticas de expressar divergências políticas. Vamos dar um passo atrás e levantar a bandeira branca para a gente tirar o presidente e depois voltamos para nossas discordâncias dentro da democracia”, afirmou o líder do colegiado do MBL em Minas, Caíque Januzzi.

O principal interlocutor pela mudança da pauta em Belo Horizonte foi o movimento Acredito, que também enxerga que a prioridade é o impeachment de Bolsonaro. “A gente reconhece o pluralismo político da oposição. Ciente disso, pedimos alguns compromissos, como focar na pauta unificada do impeachment e respeitar as diferenças existentes na oposição: da mesma forma que o MBL vai estar lá, tem oposicionistas de centro e de esquerda”, disse Lucas Paulino, uma das lideranças do movimento.

Ele lembrou que desde o início do ano o Acredito tenta construir ações em uma frente ampla contra o presidente, com a convocação de atos, carreatas e instalação de outdoors. No começo, segundo ele, era a direita que não se juntava às manifestações e, agora, é parte da esquerda.

“A gente está indo para a rua para fazer essa ponte com o pessoal da direita que não atendeu o nosso chamado no início do ano. Apesar de lamentar, a gente entende também o porquê de um lado da esquerda não comparecer. Tem uma hostilidade que foi criada no Brasil que não começou agora entre os grupos que estão convocando esse ato de domingo e grupos de esquerda. As cicatrizes as vezes demoram [a curar]”, disse Lucas Paulino.

PT e PSOL argumentam que, embora toda manifestação contra Bolsonaro seja bem-vinda, o ato do dia 12, convocado pelo MBL, não foi construído de forma conjunta e, por isso, eles não estarão presentes.

“Nós não vamos participar do ato. Respeitamos e apoiamos toda manifestação contrária ao governo Bolsonaro, mas como temos uma tradição de construção coletiva, com o conjunto dos coletivos e movimentos, estamos entendendo que a gente não vai marchar junto”, disse Guima, presidente do PT em Belo Horizonte. Ele espera que no futuro seja possível construir manifestações unificadas em conjunto com a direita.

A posição do PSOL é no mesmo sentido. “Não participaremos do ato no dia 12/09. Estamos trabalhando para a construção de um ato unitário o mais rapidamente possível, junto aos fóruns que participamos com as centenas de entidades que sempre estiveram e continuam nas ruas por terra, justiça, pão e paz, no sentido de ser um ato unitário pelo Fora Bolsonaro em todo o país”, informou o diretório da sigla em Minas Gerais por meio de nota.

A CUT-MG foi mais direta e disse que não vai comparecer no domingo porque a manifestação foi convocada por grupos de direita. “Atos, manifestações e mobilizações para esta data foram convocados por grupos de direita, como MBL e Vem Pra Rua, que contribuíram com o golpe de 2016, que foi contra o Brasil, brasileiras e brasileiros, e que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro”, afirmou a entidade, em nota.

Novo e Livres participarão da manifestação

De orientação liberal, o partido Novo e o movimento Livres divulgaram nota de abrangência nacional informando que vão participar das manifestações no dia 12. “O NOVO é oposição ao governo federal, a favor do impeachment e apoia as manifestações contra o presidente Bolsonaro”, informou o partido nas redes sociais

Em Belo Horizonte, um dos integrantes da sigla que já divulgou que estará presente no ato é o deputado estadual Guilherme da Cunha.

“Aos que receiam que mais um impeachment possa gerar instabilidade, prejudicar as reformas ou ajudar na volta da esquerda ao poder, lembro que Bolsonaro é hoje a maior fonte de instabilidade do país e maior obstáculo às reformas com as sucessivas crises que provoca, e o principal cabo eleitoral de Lula, pela rejeição que possui”, disse o deputado.

A posição não é unânime nacionalmente: no Rio Grande do Sul, o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) se posicionou contra a participação da sigla no protesto, enquanto o deputado estadual Fábio Ostermann (Novo-RS) disse que vai comparecer.

O Livres convoca desde o início de julho uma manifestação para o dia 12, já com a pauta pelo impeachment de Jair Bolsonaro.

“Em defesa da democracia brasileira, é momento de deixarmos todas as divergências de lado, suspendendo as eventuais discussões em torno da eleição de 2022, em nome da unificação dos esforços das forças democráticas pelo Fora Bolsonaro”, publicou o movimento em seu site.

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