Só aparências

'Essência do Novo é preconceituosa em relação à política', diz ex-vice de Zema

Paulo Brant relembrou divergências que levaram ao rompimento com Romeu Zema e diz não esperar apoio do governador

Por Hermano Chiodi
Publicado em 16 de agosto de 2023 | 11:46
 
 
 
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O ex-vice-governador na primeira gestão de Romeu Zema (Novo), Paulo Brant (PSB), fez críticas ao pensamento majoritário do Novo e falou que a essência do partido Novo ainda é preconceituosa em relação à política e ao governo.

“A essência é preconceituosa sobre o papel do Estado e das relações políticas. Eles aceitaram a política do ponto de vista pragmático, sem política eles não conseguem ter maioria (no Legislativo). Um mau necessário. Eu discordo desse ponto de vista. A política é um bem. Não há como ter transformações sem política”, avalia.

 Atualmente fora do Novo, após rompimento com o governador, Brant foi eleito ao cargo de vice-governador quando ainda era filiado ao partido Novo e ainda durante o governo migrou para o PSDB. O nome do ex-vice-governador foi apresentado pelo PSB para a disputa municipal para construção de uma candidatura única de partidos de esquerda.

Paulo Brant foi o entrevistado desta quarta-feira (16) no quadro Café com Política da FM O TEMPO 91,7, comandado pelos jornalistas Guilherme Ibraim e Thalita Marinho. Brant falou que respeita os integrantes do governo, mas não espera o apoio da gestão Zema a uma eventual candidatura à prefeitura de Belo Horizonte.

“Em princípio não. A minha relação com a maioria das pessoas no governo Zema é absolutamente correta. Nunca houve ofensas pessoais, apesar das divergências. Mas, no final, quando eu decidi apoiar a candidatura do PSDB, o gesto que o governador fez (exonerar servidores vinculados ao vice-governador) não foi um gesto republicano. A vice-governadoria é um órgão autônomo e as pessoas não são obrigadas a apoiar o governador”, diz.

Ele ainda criticou a postura ideológica do partido Novo em relação ao papel do governo na gestão social. “Do ponto de vista de construção de ideia, há divergências muito grandes com o governo Zema”, diz.

“A política social é fundamental, sobretudo num país desigual como o Brasil. A economia privada, o mercado, empreendedorismo são essenciais, mas não resolvem. O preconceito contra essa visão mais ampla de liberalismo é muito comum quanto a gente vê esses ‘ultraliberais’ falando e tratando as pessoas apenas como pagadores de impostos. Todos somo, mas as pessoas são mais que isso e o Estado pode ajudar. Não é um Estado paternalista, mas percebe que grande parte da população não consegue concorrer no mercado em igualdade de condições”, avalia.

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