Eleições 2020

Fortalecido em BH, PSD pretende ampliar seu espaço em Minas

Atualmente, a legenda tem a maior bancada da Câmara de BH, além de 61 prefeituras no Estado, entre elas a da capital mineira e a de Betim

Por Thaís Mota
Publicado em 20 de agosto de 2020 | 03:00
 
 
 
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Criado há menos de dez anos, o Partido Social Democrático (PSD) se tornou uma das legendas mais fortes em Minas Gerais e, atualmente, é a principal sigla em Belo Horizonte, tendo entre seus representantes o prefeito Alexandre Kalil e 13 dos 41 vereadores da Câmara Municipal.

Além da maior bancada no Legislativo da capital, o PSD também recebeu nos últimos anos dois dos três senadores mineiros: Carlos Viana, eleito pelo PHS e que atualmente é o presidente do partido em Minas, e Antonio Anastasia, que fez carreira política e governou Minas Gerais pelo PSDB. 

Agora, nas eleições de 2020, o partido pretende alçar voos ainda mais altos. Segundo Carlos Viana, atualmente o PSD já conta com 234 pré-candidaturas a prefeito confirmadas no Estado – o que ainda pode ser alterado a depender de coligações e alianças que podem ser firmadas até as convenções do partido. Mas ele tenta não ser ambicioso em relação ao resultado das eleições.

“Se eu disser pra você que a gente tem uma expectativa das eleições é difícil. Manter, com toda certeza, nós manteremos. Mas o tamanho do nosso crescimento passa, principalmente, pela dificuldade de recursos para a campanha. Hoje, o Fundo Eleitoral não é suficiente para todo mundo. É claro que, se você pega o fundo eleitoral do PSD do país todo, é alto, não custa pouco para a população. Mas, quando você tem um partido igual ao nosso, que salta de 320 para quase 600 comissões, o mesmo recurso fica escasso”, disse. 

Nas últimas eleições, o partido elegeu 54 prefeitos em Minas, sendo a quarta sigla com maior número de prefeituras no Estado. Na ocasião, o PSD não venceu em nenhuma das cidades com mais de 200 mil eleitores, onde há segundo turno. Atualmente, são 61 prefeitos – porque, em razão da janela partidária aberta às vésperas da eleição, alguns políticos migraram para o partido – entre eles, Kalil, na capital mineira, e Vittorio Medioli, em Betim, ambos candidatos à reeleição.

“Nosso principal objetivo é manter Belo Horizonte e Betim, além de ampliar para outras cidades”, acrescentou Viana.

Além dos dois, o PSD terá candidatura própria em outras duas das nove cidades mineiras em que há segundo turno: Governador Valadares, com Delegado Rui Silva, e Contagem, com o deputado estadual Repórter Rafael Martins. Em Montes Claros e Uberlândia, o partido terá candidato a vice-prefeito e, em Juiz de Fora e Uberaba, apoiará outro partido.

A medida contraria a direção nacional do partido, que, no início do ano, definiu diretrizes para promover candidaturas majoritárias próprias nas principais cidades do país. A resolução prevê candidatos em todos os municípios com mais de 50 mil eleitores e cidades com geradoras de televisão, e as exceções precisam ser previamente autorizadas pela direção estadual, no caso de cidades de até 100 mil eleitores, e pela nacional, em cidades com eleitorado superior. Questionado, o senador afirma que isso ainda está sendo avaliado.

“Isso ainda está em tramitação porque as convenções vão começar agora e nas convenções é que vamos ter clareza maior da situação do Estado”, afirmou.

Ele ainda justificou dizendo que o partido cresceu muito no último ano e reativou ou estruturou novos diretórios em centenas de cidades. “Só para ter uma ideia, do ano passado para cá, eu já visitei 135 cidades. Eu já formei grupos em todas elas, trouxemos candidatos e formamos grupos e chapas”, explicou. 

Campanhas

Ainda segundo Viana, os três deputados federais do PSD – Diego Andrade, Misael Varella e Stefano Aguiar – são responsáveis por diretórios em suas respectivas regiões. Já o envolvimento dele e do senador Antônio Anastasia nas campanhas ficará a cargo de cada um deles.

“Nós somos livres para poder trabalhar. Eu não sei quanto ao professor Anastasia, mas eu, por exemplo, posso participar como presidente”.

A reportagem tentou contato com Anastasia, mas a assessoria informou que ele não falaria sobre o tema. Porém, pessoas próximas do senador sinalizaram que ele deve participar ativamente da campanha em algumas cidades e que, inclusive, já vinha atuando no incentivo a candidaturas e auxílio na construção de alianças. Também o deputado Diego Andrade, líder do partido na Câmara e coordenador da bancada mineira em Brasília, foi procurado, mas não respondeu ao pedido de entrevista. 

Crescimento em Minas

Na última eleição municipal, o PSD elegeu dois vereadores em Belo Horizonte e hoje reúne a maior bancada na Câmara Municipal, com 13 parlamentares, sendo 12 deles candidatos à reeleição.

Esse aumento tem relação direta com a adesão do prefeito Alexandre Kalil à legenda, em junho do ano passado, quando deixou o PHS. Além disso, a chance de reeleição do prefeito demonstrada em pesquisas e o fim das coligações para eleições proporcionais contribuíram para esse crescimento da bancada da Câmara da capital.

Mas, para além desses fatores, o PSD cresceu em nível de Estado, saltando de 29.737 filiados, em 2016, para 38.992, em 2020. Além disso, a legenda tem atualmente 594 partidários com mandato por Minas – de vereador a senador da República.

Segundo o senador Carlos Viana, assim como na capital mineira, a mudança na legislação eleitoral quanto às coligações foi um dos motivadores do crescimento da sigla em outros municípios.

“Nós tivemos um crescimento muito grande nas cidades menores porque, com a questão de não ter mais a coligação, os partidos mais bem-estruturados chamaram a atenção, e nós tivemos um acesso muito grande por parte de novos grupos”, disse.

Mas o presidente acredita que também houve um esforço da direção estadual de expandir a presença da legenda no Estado, que tinha 320 comissões ativas há aproximadamente um ano e hoje está em 573 municípios mineiros. Ele também aponta um desgaste de partidos tradicionais como sendo uma das causas do crescimento do PSD.

“O que de fato está nos ajudando muito é que os partidos tradicionais estão muito desgastados, e o eleitor está muito indisposto com relação à política. A avaliação dos congressistas está baixa. E o PSD surge neste momento como um partido de centro muito equilibrado. Não temos uma tendência nem de esquerda, nem de direita. A nossa preocupação é a boa gestão pública”.

Já na avaliação do cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Ranulfo, o crescimento do PSD no Estado pode estar relacionado à crise do PSDB em Minas.

“Você tem políticos influentes buscando uma nova agremiação com menos desgaste. O que é o PSD? O PSD é uma sigla qualquer, que não tem história. O MDB tem história, o PSDB tem história, mas se desgastaram”, disse. Ele acredita que, em função disso, abriu-se espaço para outra legenda. “A opção passa a ser uma sigla nova, que não tem desgaste acumulado e não está envolvida em nada ainda”, concluiu. 

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