Mea-culpa

“Fui imprudente, foi um equívoco”, afirma Vargas 

Vice-presidente da Câmara esclareceu uso do avião do doleiro Alberto Yousseff, alvo da PF


Publicado em 03 de abril de 2014 | 03:00
 
 
 
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Brasília. Em um discurso de aproximadamente dez minutos no plenário da Câmara dos Deputados ontem, o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), admitiu que cometeu um “equívoco” ao utilizar uma aeronave emprestada pelo doleiro Alberto Yousseff, alvo da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

Alegando que homem público tem obrigação de “dar justificativa” à sociedade e que a melhor estratégia não é o ataque, mas sim a defesa, o petista disse que foi “imprudente”.

“Em relação ao avião, eu reconheço: fui imprudente, foi um equívoco. Deveria ter exigido contrato, deveria ter quitado, não deveria ter exposto minha família. É o que me machuca nessa hora”, declarou.

O deputado disse que conheceu Yousseff há 20 anos em Londrina e que o doleiro é proprietário do maior hotel de sua cidade. “Não conhecia até duas semanas o motivo pelo qual ele estava sendo investigado”, afirmou. Vargas disse que só procurou Yousseff porque ele também era dono de um hangar na cidade e que poderia ajudá-lo a encontrar um avião para sua viagem de fim de ano.

O petista negou que tenha ido ao Ministério da Saúde para discutir interesses do empresário de sua cidade, apesar de recebê-lo em seu gabinete e de apenas dar orientações. O deputado reclamou sofrer “interpretações errôneas” por suas relações pessoais. “Tenho orgulho de fazer política no Brasil, apesar das mazelas, do nível de exposição, de interpretações errôneas a que somos submetidos muitas vezes por aspectos que não estão regulamentados das nossas relações, seja com prefeitos, empresários, sindicatos, ou demandas que acontecem e movimentam a nossa nação”, disse.

Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” revelou que no início do ano Vargas pegou emprestado o avião de Yousseff para viajar de Londrina (PR) a João Pessoa (PB) em suas férias. O doleiro está preso por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.

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