Gabriel Azevedo

Por uma Belo Horizonte mais inteligente

Capital é a 10ª em ranking brasileiro de cidades conectadas


Publicado em 25 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Há duas semanas, foi divulgado o ranking das cidades mais inteligentes do Brasil. Belo Horizonte aparece em décimo lugar, atrás de capitais de menor porte, como Florianópolis e Vitória, e de municípios que não sediam governos estaduais. Campinas, Santos e São Caetano do Sul, todas em São Paulo, estão mais bem colocadas que nossa capital, sinal evidente e preocupante de que algo não vai bem.

O Ranking Connected Smart Cities é divulgado desde 2014, elaborado pela Urban Systems, que usa metodologia própria, baseada em 70 itens para avaliar perspectivas de desenvolvimento das principais cidades brasileiras. Em 2019, BH apareceu em 13º lugar. Agora, subiu três posições. É uma evolução muito tímida, incapaz de tornar a cidade mais atrativa na captação de investimentos, principalmente os provenientes do exterior.

É importante destacar que não é o poderio econômico da cidade que a leva ser a mais conectada e inteligente. São Paulo, uma das maiores metrópoles globais, primeira colocada no estudo deste ano, alcançou 37,901 pontos, com Florianópolis em segundo, com 37,224 pontos. É uma diferença mínima. A capital paulista é a mais importante metrópole brasileira, enquanto Florianópolis é uma cidade turística de médio porte.

O Ranking Connected Smart Cities tem três eixos de análise: inteligência, conexão e sustentabilidade. Cada um desses eixos é subdividido em vários, chegando aos 70 itens já citados neste texto. Empreendedorismo, segurança, governança, mobilidade e acessibilidade, urbanismo, saúde, economia, tecnologia e inovação e meio ambiente são alguns dos critérios para a pontuação das cidades. Nesta relação é possível perceber que Belo Horizonte não vai bem em alguns desses critérios.

Tomemos, por exemplo, o item mobilidade e acessibilidade. O trânsito da capital é um dos principais problemas citados pela população da capital, especialmente a péssima qualidade do serviço de transporte coletivo. Não há inovação, a cidade é refém de recursos federais para um sistema metroviário prometido há mais de 40 anos, não há ciclovias suficientes nem qualquer política de incentivo à adoção de novos modais menos poluentes.

O sistema municipal de atendimento à saúde é antiquado. Não há uso de tecnologia para agilizar marcação de consultas, exames e internações. Tudo é feito com base em procedimentos presenciais, sem centralização informatizada. O urbanismo é outro gargalo, com a morte lenta do centro da capital, sem que haja qualquer sinalização para a requalificação da área.

Se, na comparação com outras cidades, Belo Horizonte não consegue avançar, quando se coteja a situação da capital com as chamadas cidades inteligentes 3.0 (Barcelona, Viena, Singapura, Copenhague e São Francisco) o nosso atraso ganha proporções gigantescas. Nessas metrópoles do exterior, o segredo é o envolvimento da comunidade nas ações de interesse público. Em Barcelona, por exemplo, fóruns digitais incentivam as crianças a se dedicarem a carreiras científicas e tecnológicas. E mais: ampliação das áreas de interação social, trocando vagas para veículos particulares por locais de lazer, esporte e cultura e foco total na melhoria do transporte coletivo.

Como se vê, os exemplos de transformação urbana aí estão. Resta nos integrarmos a essa mobilização internacional. E que seja rápido, pois o futuro não espera o embarque dos retardatários. Nós é que temos que acelerar o passo.

PS: A campanha eleitoral municipal deste ano começa no domingo (27.9). Para me dedicar a ela, abrirei ala neste espaço para meu amigo e correligionário, o deputado estadual Doorgal Andrada.

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