Gabriel Azevedo

Requalificação do hipercentro é prioritária

Cicatrizes da crise trazida pelo vírus chamam a atenção


Publicado em 16 de julho de 2021 | 03:00
 
 
 
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Fui criado no hipercentro de Belo Horizonte, local que também escolhi para viver depois de adulto. Sou apaixonado confesso pela diversidade que a área central de nossa cidade reúne. E, mais que isso, tenho um compromisso com moradores, comerciantes e trabalhadores que democraticamente dividem esse espaço 24 horas por dia. Em 2016, quando disputei as eleições pela primeira vez, fui de porta em porta no quarteirão onde moro para conversar com as pessoas, me apresentar e conhecer as demandas para a região.

E em 2021, mesmo diante de atividades que têm exigido de mim o máximo de dedicação e tempo, como a CPI da Caixa–Preta da BHTrans, estou mais comprometido com o resgate do hipercentro da capital e sua requalificação. São ações que não podem mais esperar devido à dimensão que a deterioração da região atingiu. Se as marcas de 16 meses de enfrentamento à pandemia de Covid-19 são visíveis em todos os pontos da capital, na área central as cicatrizes da crise econômica trazida pelo vírus chamam ainda mais atenção.

A começar por lojas fechadas praticamente em todos os quarteirões. Se durante o dia os imóveis com portas cerradas mostram a decadência nesses locais, à noite, sem iluminação, a visão é ainda mais assustadora. Do mesmo modo, andares inteiros de salas comerciais sem ocupação são atestados de degradação da área. Não é mais possível esperar. Entretanto, também não é mais permitido errar na implementação de soluções para a requalificação do hipercentro.

Em primeiro lugar, é necessário criar mecanismos que incentivem a reocupação do centro. Que tornem a região atrativa para atividades econômicas de baixo impacto ambiental, geradoras de trabalho e renda para micro e pequenos empreendedores. Desburocratizar a criação desses empreendimentos, individuais ou clusters, é imperioso. E como viabilizar tal desburocratização?

O caminho é a atuação conjunta entre Executivo e Legislativo, o que já sendo feito. Depois do impasse criado com o veto ao projeto de lei da Liberdade Econômica, a prefeitura e a Câmara chegaram a um acordo, e foi criada uma comissão especial que terá a incumbência de elaborar um novo projeto de liberdade econômica. Sou um dos seis integrantes dessa comissão, ao lado dos vereadores Reinaldo Gomes (MDB), Ciro Pereira (PTB), Claudiney Dulim (Avante), Juliano Lopes (Agir) e Marcela Tropia (Novo).

Há muito mais a fazer. A transformação de prédios comerciais em imóveis residenciais é uma solução de sucesso em diversas cidades ao redor do mundo, que pode ser adotada em nossa cidade.

Um dos bons exemplos vem do Rio de Janeiro, onde a prefeitura acaba de sancionar o projeto Reviver Centro, que visa exatamente requalificar a região central da capital fluminense, prevendo justamente a adaptação de prédios comerciais em imóveis residenciais, com concessão de incentivos fiscais a quem investir na região.

Devolver a vitalidade ao hipercentro de Belo Horizonte deve seguir essa linha, oferecendo a opção de as pessoas trabalharem próximo a suas casas. É uma solução que também ajuda na mobilidade e na sustentabilidade. E, não menos importante, temos a obrigação de devolver a dignidade às pessoas em situação de rua espalhadas pelo hipercentro. São cerca de 9.000 homens, mulheres e crianças que não podem mais viver em condições desumanas e degradantes. A requalificação do coração da capital passa, obrigatoriamente, pelo resgate da população em situação de rua.

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