Pouco se tem escrito sobre as verdadeiras razões que fundamentaram a criação do Ministério da Defesa (MD), mas a grande verdade é que ele foi erigido sobre uma ideia básica, marcada por viés ideológico gramscista, cultivada e alimentada por ressentimentos e sentimentos antimilitaristas, os quais, ainda hoje, dominam a maioria da chamada esquerda. Paradoxalmente, à época, ideia foi reforçada por objetivo similar ao do governo dos Estados Unidos. Foi o MD efetivado no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), submisso às pressões norte-americanas e às diretrizes do Consenso de Washington, tendo como finalidade subordiná-lo a um civil. O objetivo maior, contrariando todo um contexto político, social e histórico, foi eliminar ou minimizar definitivamente a atuação das Forças Armadas como forte ator no cenário político, afastando os chefes militares do centro do poder e os excluindo das mais altas decisões governamentais.
Passivos, eles passaram a desempenhar papel menor nos destinos do país, a tudo assistindo em completa mudez, negando toda uma dimensão política das Forças Armadas – construída ao longo de nossa história –, presentes e partícipes em momentos de transformações fundamentais. O resultado foi a contribuição, em nome da disciplina, da hierarquia e da manutenção da democracia em evolução, após 34 anos de Nova República, para o advento de grave crise de corrupção, que permeou os Poderes da República, dirigida por uma organização criminosa lulopetista e gramscista.
Nesse período, as Forças Armadas sofreram fortes restrições orçamentárias, sob a direção de ministros, em sua maioria políticos corruptos de esquerda, e “colocadas a pão e água” no governo FHC. Sofreram forte sucateamento material. A agravar os acordos e tratados assinados pelos então covardes presidentes Collor de Melo e FHC, criminosos de “lesa-pátria”, limitando a capacidade de defesa do país ao aceitar a proibição do desenvolvimento de sistemas de armas nucleares e de mísseis e foguetes de longo alcance. Menos mau, as Forças Armadas não se descuidaram da excelente formação profissional e moral de seus quadros e da manutenção de suas tradições e valores.
Assim, hoje, avultam as responsabilidades do atual presidente (um militar), do vice-presidente, do ministro da Defesa e dos comandantes das Forças Armadas, todos também generais, tendo em vista a triste experiência do passado recente e do que vem ocorrendo em um mundo em que predominam a violência e a vontade dos mais fortes, que rompem acordos e tratados quando determinam os seus interesses.
Nada significa como proteção a localização do Brasil, pois as distâncias se encurtaram e as grandes potências já testam e fabricam bombardeiros e mísseis nucleares intercontinentais hipersônicos, drones como vetores de explosivos nucleares, tanques e aeronaves autônomas, além de uma miríade de novos sistemas de armas incorporando tecnologias de ponta. O teatro de guerra, embora extenso, tornou-se diminuto para operações militares.
Estamos sentindo o fracasso de política “soft power”, eivada, por anos a fio, da ignorância geopolítica e estratégica e do pacifismo de políticos irresponsáveis. Nosso poder de dissuasão é nulo para enfrentar forças da Rússia, da China, do Irã e, provavelmente, da Coreia do Norte, hoje estacionadas junto à fronteira com a Venezuela. Sofremos a pressão de potências europeias, de olho nas riquezas da Amazônia (metade de nosso território), afirmando que ela é propriedade da humanidade. Importante desastre ecológico – com consequências outras, negativas – atinge nossas fronteiras marítimas sem que tenhamos efetiva guarda costeira e fluvial e sistema de proteção e vigilância. O crime organizado se vale das fronteiras ao norte e a oeste, sem controle adequado, para o tráfico de armas e de drogas. Para a consecução do sistema de vigilância respectivo não há recursos, como também não há para outras medidas similares. Os mesmos recursos que foram desviados aos bilhões por Lula e quadrilha.
Este governo será a redenção deste país se privilegiar o combate à corrupção e o desenvolvimento científico e tecnológico (educação implícita), criando rede de centros de pesquisas, envolvendo empresas, universidades (valorizando-as) e as Forças Armadas na busca de inovações tecnológicas, não só fortalecendo a capacidade de defesa da nação, como também agregando valor aos produtos de exportação da agropecuária e da indústria em geral e incrementando o bem-estar da nossa população. Os recursos para a defesa e para os centros de pesquisas poderão advir da taxação das receitas originárias da exploração de minérios e, principalmente, do petróleo. Poderão advir, também, de investimentos estrangeiros. Um boa parte do que virá do fundo soberano da Arábia Saudita (cerca de R$ 40 bilhões) poderia alavancar, inicialmente, projeto semelhante.
Ciência e tecnologia é, também, poder.