Recentemente, o presidente Bolsonaro referiu-se ao marxista Paulo Freire, o “pedagogo do oprimido”, como energúmeno, revoltando petistas e comunistas de todas as áreas. No Congresso Nacional, haverá sessão especial em desagravo e homenagem a “um dos maiores educadores do planeta”, segundo o alienado petista Henrique Fontana e outros mais, cegos ideológicos.
Em 3 de março de 1964, no “Jornal do Brasil”, a professora Sandra Cavalcante, então secretária de Serviço Social do Estado da Guanabara, denunciava que o Ministério da Educação, manipulado pelo (então) inspetor Darcy Ribeiro, conhecido comunista, era o agente oficial de conscientização e politização das massas. Enquanto isso, um suposto método milagroso de alfabetização justificava a difusão e uso de processos revolucionários e subversivos junto a adultos analfabetos: era o decantado método Paulo Freire. Uma mistificação! O novo nesse método era o abuso e desrespeito à personalidade do educando, a covardia de invadir a sua humildade e ignorância, sem a intenção de acabar com a sua incapacidade para um trabalho técnico. Nova, também, era a formação rigorosa de instrutores para impregnar nas mentes dos educandos práticas subversivas e revolucionárias de natureza marxista. Era um método político. Subversivo.
Para ela, verdadeira pitonisa, “comunistas tinham o objetivo de se apossar da educação e da inteligência brasileiras. Em dez a 15 anos, teriam uma geração atuante de acordo com os respectivos planos e engajadas em lutas políticas. Já haviam realizado o mesmo em outros países”.
Paulo Freire é velho conhecido de meu amigo/irmão, AC Portinari Greggio, companheiro no jornal “Inconfidência”, no qual, em 2012, escrevemos sobre o dito.
Portinari cruzou com ele em Berlim, entre 1969 e 1970, e, outra vez, em 1998, no colégio frequentado pela filha. Procurava o diretor arregimentar pais a fim de “transformar o mundo” com os filhos e com a escola. Foi convidado para um encontro. Pediu que fornecessem bibliografia sobre os dois métodos que o Instituto Mackenzie tentava misturar: Paulo Freire e construtivismo. Recebeu três apostilas, comprou livros de pedagogia e tudo sobre Paulo Freire. Portinari afirma que Freire era enrolado e embromador, escrevia com tantos erros de sintaxe que chegava a ser ininteligível. Mas o pior é a parte ideológica. Sem dúvida, é comunista, e seu marxismo é tosco e primário.
Uma coisa, porém, chamava a atenção: a unanimidade a seu favor. Portinari já desanimara quando encontrou uma opinião dissidente. Estava em monografia escrita, em 1984, pela professora porto-riquenha Blanca Facundo, com o título “Freire Inspired Programs in the United States and in Puerto Rico”. Blanca é esquerdista, formada em história e pedagogia, e terceiro-mundista convicta. Militante radical, jovem encantou-se com a pedagogia do oprimido. Instalou cursos de “alfabetização libertadora” nos Estados Unidos e em Porto Rico, ligou-se a grupos similares e encontrou-se com Paulo Freire. Blanca priorizava resultados e, frustrada com o fraquíssimo desempenho dos seus núcleos de libertação de oprimidos, exigia esclarecimentos. Paulo Freire tentava esquivar-se, mas Blanca não desistia. Assim, ele passou a boicotá-la – e Blanca, a duvidar da respectiva pedagogia. Uma das queixas de Blanca era que os “oprimidos cucarachas” dos cursos de alfabetização de adultos não queriam ser libertados. Não aceitavam a pregação revolucionária. Queriam aprender a ler, escrever e calcular para arrumar melhores empregos. Blanca os esculhambava pela falta de consciência proletária. Dizia-lhes que precisavam de uma revolução, não de um diploma. Desistiu e desiludiu-se com Freire. Passado um tempo, escreveu a citada monografia.
Lembro que as técnicas de Paulo Freire foram aplicadas em Brasil, Chile, Guiné-Bissau, Porto Rico e outros lugares, entretanto não reduziram taxas de analfabetismo, mas produziram louvores entre comunistas do mundo. Foi celebrado como gênio, santo e profeta. Passadas décadas, apesar da publicidade, decepções começaram a ser difundidas e avolumaram-se. Descobriram que a pedagogia do oprimido não passava de “opressão da pedagogia”. “Não há originalidade no que ele diz, é o mesmo de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, abril de 1973).
Alguns veem a “conscientização” como “puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, junho de 1974). “Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972).
Se Freire foi escolhido pelos petistas patrono da educação no Brasil é porque identificaram-se com o homem e sua obra, infelizmente ambos destruidores da nação, incluso pela falta de caráter e de patriotismo.