Opinião

Governo pode ser menos liberal do que diz, mas supera antecessores

O secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, comentou ações do primeiro ano do mandato de Bolsonaro

Por Folhapress
Publicado em 29 de janeiro de 2020 | 16:59
 
 
 
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O secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, ao comentar ações do primeiro ano do mandato Bolsonaro, afirmou que talvez o governo tenha um discurso mais liberal do que de fato pratica.

"Talvez esse governo tenha um discurso mais liberal do que está praticando, concordo. Mas nunca governo nenhum teve uma prática tão liberal quanto este", disse.

Ele participou nesta quarta-feira (29) do evento Latin America Investment Conference 2020, promovido pelo banco Credit Suisse.
A fala do secretário vem um dia após os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Pérsio Árida e Gustavo Franco criticarem, no primeiro dia do mesmo evento, a postura liberal do governo Bolsonaro.

"Esse governo é muito menos liberal na política econômica do que o discurso que ele vende. Na abertura comercial, não aconteceu praticamente nada. Na privatização, não aconteceu nada. Um ano de casamento arranjado, como disse o Gustavo, sem amor verdadeiro", afirmou Arida na terça-feira (28).

Arida, que foi presidente do Banco Central durante o governo FHC e também guru de Geraldo Alckmin na área econômica nas eleições de 2018, disse ainda que o governo deveria avançar para acabar com o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

Em resposta, Mattar disse que ficou fácil criticar o governo, mas que quem criou o FAT foi o senador tucano José Serra (PSDB-SP), em 1997.

"O FAT foi feito lá trás com um PL (Projeto de Lei) do Serra. Então eles mesmos vem e falam 'pô, vocês têm que fechar o que nós fizemos'. Pode deixar que nós vamos fechar, sim! Nos deem tempo", afirmou.

"Por isso que eu gasto 80% do meu tempo para desconstruir o passado, o PL do Serra, e só tenho 20% para pavimentar o futuro do país", disse.

De acordo com o secretário, entre subsidiárias, coligadas e simples participações a União tinha 698 ativos quando o governo começou. No ano passado, entre desestatizações e desinvestimentos, foram vendidos 71 desses ativos, com valor total de R$ 105,4 bilhões.

Neste ano, a meta é vender mais 300 ativos, chegando a R$ 150 bilhões, além de passar o projeto de fast-track nas privatizações, que deverá acelerar esse processo de venda.

"Já vendemos sete ativos até agora, conseguindo R$ 7,5 bilhões, dos quais R$ 1,1 bilhão vai para o Tesouro."

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