DIPLOMACIA

Brasil e China firmam termos para negociação de paz entre Rússia e Ucrânia

Documento foi divulgado após encontro entre Celso Amorim e chanceler chinês, em Pequim. É a primeira vez que a China, maior aliada da Rússia, assina um documento do tipo envolvendo o conflito na Ucrânia

Por Renato Alves
Publicado em 23 de maio de 2024 | 12:11
 
 
 

BRASÍLIA – Os governos do Brasil e da China firmaram um entendimento pela suspensão da guerra na Ucrânia. Eles defendem um entendimento diplomático para por fim ao conflito iniciado pela Rússia com uma invasão ao país vizinho em fevereiro de 2022.

A proposta envolve a realização de uma conferência de paz, com a participação de representantes da Rússia e da Ucrânia. Os governos  do Brasil e da China também defendem a troca de prisioneiros e condenam qualquer uso de armas nucleares.

O assunto foi tratado em Pequim, durante encontro entre o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.

A divulgação do teor da reunião foi divulgada pela chancelaria chinesa. O comunicado oficial diz que ambos discutiram “pontos de vista aprofundados sobre a promoção de uma solução política para a crise na Ucrânia e apelaram ao abrandamento da situação”.

É a primeira vez que a China, maior aliada da Rússia, assina um documento do tipo envolvendo o conflito na Ucrânia. Celso Amorim e Wang Yi chegaram aos seguintes pontos comuns, segundo o Ministério das Relações Exteriores da China:

  • Apelo a todas as partes relevantes para que observem três princípios para desescalar a situação, nomeadamente nenhuma expansão do campo de batalha, nenhuma escalada de combates e nenhuma provocação por qualquer parte;
  • O diálogo e a negociação são a única solução viável e apoiam uma conferência de paz internacional realizada num momento adequado que seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, com participação igual de todas as partes, bem como discussão justa de todos os planos de paz;
  • São necessários esforços para aumentar a assistência humanitária às regiões relevantes e prevenir uma crise humanitária em maior escala;
  • O uso de armas de destruição maciça deve ser combatida;
  • Os ataques a centrais nucleares e outras instalações nucleares pacíficas devem ser combatidos;
  • A divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados deve ser combatida.

Lula rejeita convite para participar de conferência sem a Rússia

Há uma semana, Lula decidiu não comparecer à Cúpula da Paz sobre a Ucrânia, que será realizada em 15 e 16 de junho, em Lucerna na Suíça, sob alegação que não haverá um representante da Rússia.

O governo suíço fez questão de convidar Lula durante um encontro presencial entre o chanceler do país, Ignacio Cassis, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em 30 de abril.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também convidou Lula para participar da cúpula em uma entrevista à CNN Brasil, ocorrida no dia 18 de abril, em Kiev.

O encontro deve contar com a participação de chefes de Estado, entre eles o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Mais de 100 países foram convidados para o evento.

Há uma semana, os presidente da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, afirmaram, sem dar detalhes, que concordaram sobre a necessidade de uma “solução política” para a guerra na Ucrânia. Eles se encontraram em Pequim.

Por outro lado, há duas semanas, os militares russos fazem uma nova ofensiva no nordeste da Ucrânia, perto da cidade de Kharkiv, a segunda maior do país. 

Rússia diz ter tomado mais cidades ucranianas

Nesta quinta-feira (23), a Rússia reivindicou a conquista da localidade de Andriivka, a cerca de 10km ao sul de Bakhmut, na região oriental ucraniana de Donetsk. 

“As unidades do grupo Sur (...) libertaram a localidade de Andriivka”, afirmou o ministério russo da Defesa, que na quarta-feira (22) anunciou a conquista de um povoado vizinho, Klishchiivka. 

Klishchiivka e Andriivka estão ao sul de Bakhmut, cidade do leste da Ucrânia destruída por 10 meses de combates e conquistada pelo exército russo em maio do ano passado. Em fevereiro, a Rússia tomou a cidade de Avdiivka, no leste da Ucrânia. 

 

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