BRASÍLIA - A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), elevou o tom contra parlamentares de partidos aliados ao governo que apoiam o projeto de lei que propõe anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Segundo ela, o apoio de deputados federais ao pedido de urgência de tramitação do chamado PL da Anistia é um "absurdo" e representa uma "profunda contradição" para quem integra a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Trata-se de uma grave afronta ao Judiciário e à própria democracia. Urgência se dá a projetos que beneficiam o povo, e não para um golpe continuado”, criticou a ministra, em entrevista ao G1.
A declaração veio um dia após o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), protocolar um pedido de urgência para a votação do projeto. Mais da metade das 262 assinaturas que viabilizaram o requerimento partem de siglas do Centrão que comandam ministérios no governo Lula.
Gleisi também reforçou que o Palácio do Planalto não está operando uma "retaliação", mas quer conscientizar os parlamentares sobre a "gravidade política, jurídica e institucional" do apoio ao projeto. Para ela, a proposta serve para “garantir a impunidade de Bolsonaro e de quem mais tentou derrubar este governo, inclusive matar o presidente Lula”.
Motta diz que em democracia não se decide nada sozinho
O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), tem buscado uma saída negociada, já que mantém sob seu comando a fila de mais de mil pedidos de urgência que aguardam para entrar na pauta de votações.
Sem fazer referência ao projeto, Motta publicou uma mensagem em uma rede social dizendo que, em uma democracia, "ninguém tem o direito de decidir nada sozinho" e que as pautas devem ser discutidas com os líderes das bancadas da Casa.
"Democracia é discutir com o Colégio de Líderes as pautas que devem avançar. Em uma democracia, ninguém tem o direito de decidir nada sozinho. É preciso também ter responsabilidade com o cargo que ocupamos, pensando no que cada pauta significa para as instituições e para toda a população brasileira", afirmou Motta.
Democracia é discutir com o Colégio de Líderes as pautas que devem avançar. Em uma democracia, ninguém tem o direito de decidir nada sozinho. É preciso também ter responsabilidade com o cargo que ocupamos, pensando no que cada pauta significa para as instituições e para toda a…
— Hugo Motta (@HugoMottaPB) April 15, 2025