A proximidade do período da campanha eleitoral, que oficialmente começa em 16 de agosto, tem impulsionado o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) a buscar meios de aumentar sua aprovação diante de um cenário de inflação alta, encarecimento dos combustíveis, aumento do número de famílias em situação de vulnerabilidade social e com 33 milhões de brasileiros passando fome.
Exemplo dessas medidas para melhorar o desempenho do governo federal, que tentará a reeleição nas urnas em outubro, é a chamada “PEC das bondades”, aprovada a toque de caixa no Senado Federal na quinta-feira (30) e que deverá ser votada na Câmara dos Deputados na próxima semana.
Essa Proposta de Emenda à Constituição prevê zerar a fila de 1,6 milhão de famílias que aguardam o Auxílio Brasil e turbina o valor do benefício, que passará de R$ 400 para R$ 600 mensais. Se aprovada, a PEC também aumentará o valor do vale-gás de R$ 53 para R$ 120, além de criar um auxílio-combustível de R$ 1000 mensais para taxistas e caminhoneiros.
Eleito em 2018 com a promessa de um governo liberal, a gestão Bolsonaro teve de “ceder em alguns pontos” devido aos “meandros da política”, como classificou Rogério Boueri Miranda, chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia.
Apesar disso, Miranda defendeu, em entrevista exclusiva concedida ao jornal O TEMPO, que a agenda liberal ainda é “o norte” das políticas econômicas do governo federal.
“A agenda liberal a todo momento está nas implementações de políticas do governo, esse é o nosso norte, mesmo quando a gente tem que dar uns passos para trás, andar de lado um pouquinho, mas a gente sabe qual é o norte, que é essa agenda”, enfatizou o assessor especial.
"A agenda liberal não foi abandonada, ela continua correndo. Exemplos de que essa agenda liberal ainda é forte, e ainda é a mais forte no governo, é que tivemos recentemente a privatização da Eletrobras, que nós queríamos muito. Essas desonerações de impostos fazem parte de uma agenda liberal, que é a economia pelo lado da oferta. Fazendo isso, a gente também reduz o peso do Estado sobre os empreendedores. Essa é uma agenda liberal”, reiterou.
Miranda está no governo federal desde 2019 e assumiu esse cargo quando Adolfo Sachsida foi nomeado ministro das Minas e Energia. Especializado em produtividade e agronegócio, ele também exerceu a função de subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Economia.
Ao fazer um balanço das políticas econômicas implementadas pelo governo federal, Miranda destacou a melhoria do ambiente de negócios, como o saque-aniversário do FGTS, sustentabilidade fiscal dentro da regra do teto de gastos, reforma da previdência e digitalização do serviço público, que possibilitou demitir servidores e "reduzir a folha de salários sem perda de qualidade do serviço público graças aos serviços digitais".
"Qualquer brasileiro pode hoje ter a carteira de identidade digital, o ConecteSUS para ver as vacinas, a carteira de trabalho, mesmo a aposentadoria está saindo mais rápido por meio digital, são coisas que permitiram que a gente diminuísse o tamanho do plantel de servidores e isso teve reflexo na sustentabilidade fiscal", avaliou o assessor especial.
Para ele, devem ficar para eventual segundo mandato mais um bloco de privatizações e o avanço das reformas tributária e administrativa, que estão travadas no Senado e na Câmara dos Deputados, respectivamente.
"Nós fizemos muita coisa, a reforma da previdência, uma série de microrreformas econômicas de desburocratização e de melhoria no ambiente de negócios, mas não conseguimos fazer tudo. [...] O que nós precisamos para manter nossa agenda liberal é das reformas. Fizemos a maior reforma da previdência em décadas e isso abriu espaço para acertarmos as contas públicas”, pontuou Miranda.
Confira a íntegra desta entrevista no vídeo abaixo:
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