Meio ambiente

Amazônia registra menor taxa de desmatamento em seis anos

O desmatamento da Amazônia teve em fevereiro seu 11º mês consecutivo de redução. O primeiro bimestre de 2024 fechou com a menor derrubada da floresta dos últimos seis anos

Por Renato Alves
Publicado em 18 de março de 2024 | 10:08
 
 
 
normal

A Amazônia Legal teve em fevereiro seu 11º mês consecutivo de redução no desmatamento. O primeiro bimestre de 2024 fechou com a menor derrubada da floresta dos últimos seis anos. O dado do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) foi divulgado nesta segunda-feira (18). 

Conforme o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) da instituição, a devastação em janeiro e fevereiro atingiu 196 km², 63% a menos do que nos mesmos meses em 2023, quando foi detectada a destruição de 523 km².

Se compararmos com as capitais brasileiras, a área de floresta perdida em janeiro e fevereiro na Amazônia supera os territórios de três delas: Vitória (97 km²), Natal (167 km²) e Aracaju (182 km²). Já se equipararmos com campos de futebol, a devastação no primeiro bimestre chegou a quase 327 por dia.

A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e abrange a área de 9 estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Segundo o Imazon, os satélites usados pelo SAD são mais refinados que os dos sistemas do governo e são capazes de detectar áreas devastadas a partir de 1 hectare, enquanto os alertas do Inpe levam em conta áreas maiores que 3 hectares.

Apesar da boa notícia, o primeiro bimestre de 2024 ainda apresentou um desmatamento acima do registrado no mesmo período entre 2008 (quando o Imazon implantou seu monitoramento por imagens de satélite) a 2017, com exceção de 2015. Em todos os outros anos, a derrubada permaneceu abaixo dos 150 km².

“Esses dados mostram que ainda temos um grande desafio pela frente. Atingir a meta de desmatamento zero prometida para 2030 é extremamente necessário para combater as mudanças climáticas. Para isso, uma das prioridades do governo deve ser agilizar os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e quilombolas e de criação de unidades de conservação, pois são esses os territórios que historicamente apresentam menor desmatamento na Amazônia”, ressalta Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.

Maranhão e Roraima apresentaram aumento da derrubada em fevereiro

Entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, dois deles apresentaram aumento no desmatamento em fevereiro. O Maranhão, onde a devastação passou de 2 km² em fevereiro de 2023 para 5 km² no mesmo mês deste ano, uma alta de 150%, e Roraima, onde a destruição foi de 19 km² para 26 km², 37% a mais.

Porém, no acumulado do bimestre, apenas o Maranhão fechou com alta. No estado, a derrubada acumulada em janeiro e fevereiro de 2024 fechou em 8 km², antes 7 km² no mesmo período do ano passado, um aumento de 14%

Mato Grosso, Roraima e Amazonas lideram desmate no bimestre

Já em relação ao tamanho das áreas desmatadas nos dois primeiros meses de 2024, os estados que lideram o ranking são Mato Grosso (32%), Roraima (30%) e Amazonas (16%). Juntos, eles somam 152 km² de florestas derrubadas no bimestre, 77% de toda a destruição detectada na Amazônia.

No caso de Mato Grosso, o avanço do desmatamento está ocorrendo principalmente por causa da expansão agropecuária, com destaque para municípios como Feliz Natal, Nova Maringá, Juína, Juara, Marcelândia e Canarana, todos com presença nas listas dos 10 que mais destruíram a floresta em janeiro ou fevereiro. Os dois últimos, Marcelândia e Canarana, inclusive apareceram em ambos os meses nesses rankings. 

Em Roraima, a derrubada tem avançado inclusive dentro de terras indígenas. Em janeiro, metade dos territórios dos povos originários entre os 10 com maior desmatamento ficavam no estado. Em fevereiro, quatro estavam em solo roraimense. Foram oito territórios diferentes nos rankings, sendo três deles com presença em ambos os meses: Yanomami, Manoá-Pium e Raposa Serra do Sol.

Já no caso do Amazonas, onde os municípios da região Sul têm sido os mais críticos, também chamou a atenção dos pesquisadores a expansão do desmatamento nos assentamentos. Em janeiro, apenas o PA Rio Juma integrou a lista dos 10 com a maior área derrubada, em quinto lugar. Em fevereiro, esse território assumiu a liderança do ranking e mais três amazonenses passaram a integrar a lista: PA Acari, PAE Lago do Acará e PAE Antimary, em segundo, terceiro e sexto lugares, respectivamente.

Pará ocupa 4º lugar no ranking de desmatamento do bimestre

O Pará, que em vários anos anteriores chegou a liderar como o estado que mais desmatou a Amazônia, apresentou redução de 70% na derrubada nos primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2023. Com isso, ficou em quarto lugar no ranking dos estados que mais devastaram a floresta no primeiro bimestre, com 26 km², 13% do registrado em toda a região. O estado teve dois municípios entre os 10 mais desmatados em janeiro (Ipixuna do Pará e São Félix do Xingu) e um em fevereiro (São Félix do Xingu).

Além disso, a APA Triunfo do Xingu liderou nos dois meses como a unidade de conservação mais desmatada da Amazônia, somando 5 km² perdidos no bimestre, o que equivale a 500 campos de futebol. Em janeiro, a Flona de Saracá-Taquera e a Flona do Jamanxim também ocuparam posições no ranking das 10 unidades de conservação mais destruídas da Amazônia. Já em fevereiro, além da líder APA Triunfo do Xingu e da Flona de Saracá-Taquera, outras duas paraenses ficaram no ranking: Flona de Itaituba II e Rebio Nascentes da Serra do Cachimbo.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!