O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), segue se opondo à sugestão de especialistas e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para restringir a entrada no Brasil de quem não se imunizou ou não testou negativo para a Covid-19.
Bolsonaro chegou a distorcer, nesta terça-feria (7), a proposta da Anvisa para implantação do passaporte da vacina para viajantes, que não propõe o fechamento do espaço aéreo do país.
"Eu vejo o ministro Gilson Machado, que não está presente aqui, trabalhando com o turismo. Ninguém tem o que nós temos. Estamos trabalhando agora com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, porra? De novo vai começar esse negócio?", declarou Bolsonaro em discurso para um grupo de empresários, durante evento organizado por representantes do setor da indústria.
Na última terça-feira (1º) , a agência reiterou recomendação enviada à Casa Civil para que o governo federal adote medidas de controle mais rígidas no acesso de viajantes ao Brasil. A preocupação da Anvisa e da comunidade científica é o aumento de casos de Covid-19 devido à variante ômicron e outras.
Em nota divulgada à imprensa, a agência negou a afirmação do presidente e reforçou que o cenário é preocupante, sobretudo nos países com maior disseminação da variante ômicron e baixa cobertura vacinal.
"Ah, a ômicron. Vai ter um montão de vírus pela frente, de variantes talvez. Peço a Deus que esteja errado. Temos que enfrentar. Temos aqui o Braga Netto, ministro da Defesa, ninguém vai ganhar a guerra na trincheira. Chega do fique em casa e economia vê depois”, disse ainda Bolsonaro.
Inércia cobrada no STF
A manifestação de Bolsonaro durante o evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria para tratar da retomada da indústria e geração de emprego sinaliza o incômodo do presidente com o assunto.
Na segunda-feira (6), o ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para o governo Bolsonaro explicar a ausência do comprovante de vacinação, chamado de "passaporte da vacina", entre as exigências para passageiros que desembarcam no Brasil.
Especialistas alertam que o país pode se tornar o destino de turistas antivacina durante festas do fim do ano e Carnaval, aumentando risco de disseminação da Covid-19 e expondo brasileiros, inclusive os completamente vacinados, às variantes do coronavírus.
De um lado, Bolsonaro precisa atender à determinação do STF, mas de outro estão os apoiadores mais radicais que são contra o passaporte da vacina.
Em fins de novembro, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, teve que se explicar nas redes sociais por declaração favorável ao passaporte da vacina como forma de evitar mais restrições de voos.
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