CRISE ENERGÉTICA

Bolsonaro diz que Brasil não sofreu apagões e racionamento em 2020 e 2021

Presidente ignorou casos como do Amapá, em 2020, e alta na conta de luz em 2021 devido à escassez hídrica que ainda ameaça racionamento e novos apagões

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 31 de janeiro de 2022 | 14:04
 
 
 
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Embalado no clima de campanha pela reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou para apoiadores no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (31), enfatizando ações de seu governo, com destaque para políticas dos ministros João Roma (Cidadania), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). 

Ao elogiar Albuquerque, o presidente reconheceu que o Brasil enfrentou "momentos difíceis em 2020 e 2021 com a seca". "Mesmo assim, dada sua [referindo-se a Bento Albuquerque] capacidade de se antecipar aos problemas, não passamos por apagões ou racionamento". 

Com essa declaração, o chefe do Executivo federal ignorou, por exemplo, a grave crise que deixou a maioria das cidades do estado do Amapá por quase um mês no escuro, com problemas de abastecimento de água e de alimentos, sem acesso à internet, entre outros agravos da falta de energia elétrica. Isso ocorreu no início de novembro de 2020.

Além do Amapá, foram registrados naquele ano outros 36 casos de interrupção de transmissão de energia, sendo nove delas causadas por explosões em transformadores, de acordo com relatório divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

No ano seguinte, a escassez de água afetou os reservatórios das hidrelétricas e provocou uma crise energética que sobrou para o bolso dos brasileiros, com a elevação das contas de luz em boa parte do país devido à criação da tarifa de escassez hídrica. Um dos resultados dessa crise foi justamente a alta da inflação.

Em algumas lives e discursos públicos, o presidente apelou à população para evitar o uso de elevadores e diminuir a quantidade de banhos diários para economizar água e energia.

Outra consequência da escassez de água foi a necessidade de recorrer às usinas termelétricas, que além de lançar gases do efeito estufa na atmosfera, gera um consumo diário correspondente a 24 milhões de litros de água para abastecer uma cidade de aproximadamente 156 mil habitantes durante um ano, segundo estudo divulgado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).

Nesta segunda-feira, o presidente e ministros participaram de cerimônia de lançamento da pedra fundamental da Usina Termelétrica de Gás Natural Açu II, em São João da Barra (RJ). 

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