PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS

Bolsonaro diz que não pode derrubar política de preços da Petrobras por decreto

Para apoiadores no Alvorada, presidente explicou que PPI da Petrobras não foi criado em canetada de Michel Temer

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 23 de junho de 2022 | 17:03
 
 
 
normal

Com o período da campanha eleitoral se aproximando, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem demonstrado cada vez mais preocupação com os desgastes provocados pelos reajustes nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, feitos pela Petrobras.

Para apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, nesta quinta-feira (23), o presidente se queixou da cobrança de interferência na estatal e explicou que a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada em 2016, para a definição de reajustes, não foi criada por decreto do ex-presidente Michel Temer (MDB). 

"Daí alguns falaram o seguinte: ‘O Temer, na canetada, criou a PPI, eu podia fazer a mesma coisa, mas não tenho coragem’. O que é a canetada do presidente? É decreto. Então, eu pergunto para esse cara que diz que eu não tenho coragem de dar uma canetada igual ao Temer: Qual o decreto do Temer que criou a PPI? Não foi decreto. Agora, querem que eu saia da legalidade", afirmou o presidente.

Bolsonaro, no entanto, omitiu que o PPI foi criado por Pedro Parente, o indicado por Temer para presidir a estatal à época, com a justificativa de tornar a Petrobras mais competitiva e maximizar os lucros – justamente uma das críticas do governo atual.

A União possui 50,3% das ações da Petrobras, sendo assim a maior acionista, com direito a indicar até sete dos 11 diretores (número máximo de integrantes) do conselho de administração, além do presidente da estatal.

No mais recente reajuste, feito no último sábado (18), o valor da gasolina passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro – representando aumento de 5,2%. O diesel foi de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro – subindo 14,2%. 

A disparada no preço dos combustíveis no ano em que tentará ficar mais quatro anos no comando do Executivo federal tem exasperado o presidente, que trocou a presidência da estatal duas vezes – substituiu o general Joaquim Silva e Luna pelo engenheiro José Mauro Ferreira Coelho, que ficou somente 40 dias no cargo e foi trocado por Caio Paes de Andrade, que por sua vez ainda não assumiu definitivamente o cargo, pois depende de decisão do conselho da estatal.

Ainda buscando uma solução definitiva para conter o aumento dos preços nos postos de combustíveis, Bolsonaro trocou também o ministro de Minas e Energia, colocando Adolfo Sachsida no lugar do almirante Bento Albuquerque.

A preocupação maior de Bolsonaro é com a ameaça de greve de caminhoneiros com a dimensão daquela de 2018, o que desgastaria o apoio dedicado por esse eleitorado ao presidente.

Por isso, o governo propôs um vale-combustível de R$ 1000 para os caminhoneiros autônomos, segundo informou o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), nesta quinta-feira.

Aos apoiadores no Alvorada, Bolsonaro também argumentou que não pode sair da legalidade. "Eu posso fazer muita coisa, não devo. Ou a gente vive embaixo de leis, da Constituição, ou a gente vai pro vale tudo. Hoje pode ser bacana uma medida minha fora das 4 linhas pra muita gente, e amanhã? Eu posso dar outra e ficarem revoltados comigo. Daí vira uma ditadura", declarou.

O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar as notícias dos Três Poderes.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!