Com o período da campanha eleitoral se aproximando, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem demonstrado cada vez mais preocupação com os desgastes provocados pelos reajustes nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, feitos pela Petrobras.
Para apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, nesta quinta-feira (23), o presidente se queixou da cobrança de interferência na estatal e explicou que a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada em 2016, para a definição de reajustes, não foi criada por decreto do ex-presidente Michel Temer (MDB).
"Daí alguns falaram o seguinte: ‘O Temer, na canetada, criou a PPI, eu podia fazer a mesma coisa, mas não tenho coragem’. O que é a canetada do presidente? É decreto. Então, eu pergunto para esse cara que diz que eu não tenho coragem de dar uma canetada igual ao Temer: Qual o decreto do Temer que criou a PPI? Não foi decreto. Agora, querem que eu saia da legalidade", afirmou o presidente.
Bolsonaro, no entanto, omitiu que o PPI foi criado por Pedro Parente, o indicado por Temer para presidir a estatal à época, com a justificativa de tornar a Petrobras mais competitiva e maximizar os lucros – justamente uma das críticas do governo atual.
A União possui 50,3% das ações da Petrobras, sendo assim a maior acionista, com direito a indicar até sete dos 11 diretores (número máximo de integrantes) do conselho de administração, além do presidente da estatal.
No mais recente reajuste, feito no último sábado (18), o valor da gasolina passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro – representando aumento de 5,2%. O diesel foi de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro – subindo 14,2%.
A disparada no preço dos combustíveis no ano em que tentará ficar mais quatro anos no comando do Executivo federal tem exasperado o presidente, que trocou a presidência da estatal duas vezes – substituiu o general Joaquim Silva e Luna pelo engenheiro José Mauro Ferreira Coelho, que ficou somente 40 dias no cargo e foi trocado por Caio Paes de Andrade, que por sua vez ainda não assumiu definitivamente o cargo, pois depende de decisão do conselho da estatal.
Ainda buscando uma solução definitiva para conter o aumento dos preços nos postos de combustíveis, Bolsonaro trocou também o ministro de Minas e Energia, colocando Adolfo Sachsida no lugar do almirante Bento Albuquerque.
A preocupação maior de Bolsonaro é com a ameaça de greve de caminhoneiros com a dimensão daquela de 2018, o que desgastaria o apoio dedicado por esse eleitorado ao presidente.
Por isso, o governo propôs um vale-combustível de R$ 1000 para os caminhoneiros autônomos, segundo informou o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), nesta quinta-feira.
Aos apoiadores no Alvorada, Bolsonaro também argumentou que não pode sair da legalidade. "Eu posso fazer muita coisa, não devo. Ou a gente vive embaixo de leis, da Constituição, ou a gente vai pro vale tudo. Hoje pode ser bacana uma medida minha fora das 4 linhas pra muita gente, e amanhã? Eu posso dar outra e ficarem revoltados comigo. Daí vira uma ditadura", declarou.
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