TRANSPARÊNCIA PÚBLICA

CGU indica que vai quebrar sigilo de sindicância que investigou Pazuello

Nova diretriz da CGU estabece que processos administrativos disciplinares conduzidos no âmbito das Forças Armadas são passíveis de acesso público

Por Manuel Marçal
Publicado em 03 de fevereiro de 2023 | 11:58
 
 
 
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O ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius de Carvalho, deu a entender que o órgão vai liberar o acesso público a sindicância que investigou o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, durante a Covid-19. As Forças Armadas, à época, colocaram sigilo de 100 anos aos documentos, alegando que os dados eram pessoais.  

A comissão da Controladoria-Geral da União formada para rever sigilos indevidos impostos pela gestão do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), elaborou um parecer com 12 diretrizes de transparência e entendimentos sobre informações públicas, que vão nortear  o governo federal. 

O enunciado, por exemplo, estabelece que os processos administrativos disciplinares conduzidos no âmbito das Forças Armadas são as mesmas regras referentes aos servidores civis, cabendo assim, pedido de acesso à informação.  

E foi citando esse diretriz que Vinicius de Carvalho respondeu sobre o caso do ex-ministro de Jair Bolsonaro.“Não vou fazer anuncio público de julgamentos, não vou. O enunciado (diretriz) responde qual é o tipo de preceitos que vamos usar nesses casos. É importante ressaltar que a CGU nunca fez distinção entre processos administrativos disciplinares de servidores públicos, entre civis e militares. Essa mudança de posição ocorreu nos últimos anos. O que nós estamos fazendo é simplesmente resgatar a postura da CGU historicamente”, frisou o ministro durante coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (3), sobre revisão dos atos de sigilo.  

Ao longo de seu governo, o então presidente da República, Jair Bolsonaro impôs restrições de até 100 anos em documentos e informações, como em seu cartão da vacinação e em visitas que recebeu no Palácio da Alvorada - residência oficial em Brasília (DF).  

A Lei de Acesso à Informação é um instrumento de transparência que possibilita a todo e qualquer cidadão obter dados do poder público. 

Por meio de um despacho, Lula determinou, no dia 1º de janeiro, que a Controladoria-Geral da União (CGU) reavaliasse, no prazo de 30 dias, as decisões de Bolsonaro que impuseram "sigilo indevido sobre documentos e informações da administração pública". 

A reportagem de O TEMPO Brasília, por exemplo, teve pedidos de acesso negados sob alegação de que a CGU ainda não tinha julgado alguns casos ou criado nova diretriz.  

CGU vai analisar 234 casos de sigilo 

A CGU vai analisar ou revisar 234 casos de sigilo que estão em fase de recurso. Eles foram divididos em cinco temas: 111 pedidos sobre segurança nacional; 35 sobre segurança do presidente e familiares; 49 sobre informações pessoais e 16 de atividades de inteligência e 23 outros.  

As respostas devem sair em até 75 dias, segundo informou o ministro Vinicius Carvalho. Ele destacou que, com o julgamento do recursos, não significa que todos os casos terão quebra de sigilo. 

Entre os casos de sigilo a informação a serem analisados pela CGU estão: a visita dos filhos de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto e residências oficiais da Presidência; troca de telegramas do Itamaraty com embaixadas internacionais sobre o caso Marielli, prisão de Ronaldinho Gaúcho no Paraguai; gastos de Bolsonaro com ‘motociatas’; pagamento de cachês da Caixa Econômica Federal a artistas; lista de passageiros em voos da Força Aérea Brasileira (FAB); estoque de vacinas do Ministério da Saúde.   

Sobre o pedido de acesso ao cartão de vacina de Jair Bolsonaro, o ministro da CGU disse o caso vai ser julgado, ainda assim, ponderou que envolve duas questões - uma sobre privacidade de Jair Bolsonaro, a outra é, que o assunto envolve o interesse público. Por fim, negou que vá discutir qualquer um dos temas a serem julgados com o presidente Lula.  

“Não vou levar nenhuma informação ao presidente Lula antes dela se tornar pública. O presidente Lula não me pediu para ter acesso a nenhum documento público. Nem me pediu e nem eu o procurei, porque temos que respeitar a sistemática da lei”, declarou Vinicius Carvalho.  

O ministro da Controladoria-Geral da União afirmou que nos últimos quatro anos houve retrocessos na política de acesso à informação e transparência. “Temos entendimento que a transparência e acesso à informação ajudam e muito na melhoria de políticas públicas”. 

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