Diplomacia

Futura embaixadora dos EUA diz que eleições serão justas, apesar de Bolsonaro

Ela fez o comentário ao ser questionada sobre o tema durante a sabatina à qual foi submetida no Senado americano. A diplomata falou em outro tema sensível ao governo Bolsonaro, a proteção à Amazônia

Por O Tempo Brasília
Publicado em 18 de maio de 2022 | 15:13
 
 
 
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Escolhida presidente Joe Biden para ser a nova embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley disse nesta quarta-feira (18) que prevê dificuldades nas eleições no Brasil, mas que as instituições do país estão preparadas para resistir a pressões antidemocráticas.

"[O presidente Jair] Bolsonaro tem dito muitas coisas, mas o Brasil tem sido uma democracia, tem instituições democráticas, Judiciário e Legislativo independentes, liberdade de expressão. Eles têm todas as instituições democráticas para realizar eleições livres e justas", disse a diplomata.

Ela fez o comentário ao ser questionada sobre o tema durante a sabatina à qual foi submetida no Senado americano. As informações são da Folha de S. Paulo.

"Ao longo de 30 anos, monitorei muitas eleições. E eu sei que não será um momento fácil, muito em razão dos comentários [de Bolsonaro]", disse Bagley, em referência às reiteradas falas do presidente brasileiro que buscam colocar em xeque a legitimidade das eleições brasileiras em caso de uma eventual derrota.

"Mas apesar desses comentários, há uma base institucional. O que continuaremos a fazer é mostrar nossa confiança e nossa expectativa de que eles terão eleições livres e justas", afirmou Bagley.

Proteção da Amazônia é uma das principais bandeiras da futura embaixadora

No discurso feito antes de começar a ser questionada pelos senadores, a diplomata falou em outro tema sensível ao governo Bolsonaro. Ela disse que terá como principal bandeira o combate ao desmatamento e aos crimes ambientais no Brasil.

"Uma das minhas maiores prioridades será encorajar esforços para aumentar a ambição climática e reduzir dramaticamente o desmatamento, proteger os defensores [da floresta] e processar crimes ambientais e atos de violência correlatos", afirmou.

Biden sempre colocou a área ambiental como prioridade ainda em sua campanha eleitoral. Logo após assumir a Presidência, mandou duros recados a Jair Bolsonaro, aliado de Donald Trump e um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden. Assim como Bolsonaro no Brasil, Trump coloca o sistema eleitoral do seu país em xeque, sem apresentar provas de irregularidades.

Bagley foi assessora de John Kerry, hoje o principal conselheiro de Biden para questões ambientais. Nomeada em janeiro, ela esperou quatro meses pela sabatina e ainda precisa do aval da Comissão de Relações Exteriores e da aprovação do Senado em votação no plenário. 

No início da audiência, senadores ressaltaram a importância de tê-la no Brasil a tempo do pleito de outubro, mas não há previsão para que a Casa confirme a indicação. À Folha de S. Paulo, na saída da sabatina, Bagley disse não saber quando tomará posse.

O jornal lembra que as escolhas de Biden para cargos importantes têm sofrido demora para serem chanceladas pelo Legislativo. A embaixadora nomeada para o Chile, Bernadette Meehan, por exemplo, foi indicada em julho de 2021, sabatinada em março de 2022 e ainda não teve a confirmação votada pelo Senado.

Já o embaixador para a Argentina, Marc Stanley, foi indicado em agosto de 2021, sabatinado em outubro e confirmado pelo plenário da Casa em dezembro, em um processo que levou cerca de quatro meses.

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