Novo governo

Lula chora ao falar sobre a fome no país e diz que sua 'missão' é acabar com ela

Presidente eleito visita nesta quinta-feira (10), pela primeira vez, o CCBB, local onde a equipe de transição de governo está trabalhando

Por Renato Alves
Publicado em 10 de novembro de 2022 | 12:10
 
 
 
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chorou ao falar sobre a volta do Brasil ao mapa da fome, após ter saído desse cenário nos oito anos de governo dele. O petista foi às lágrimas durante discurso na manhã desta quinta-feira (10), em um auditório do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), espaço onde trabalha a equipe de transição.

“Não esperava que a fome voltasse ao país. Hoje repito o mesmo discurso de 2002 (ano da sua primeira posse). Porque, se, ao final do meu mandato, cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando, terei cumprido a missão da minha vida”, disse Lula, já chorando. Ele foi amparado pela esposa, Rosângela da Silva, a Janja. 

Após pedir desculpas por não segurar a emoção, Lula seguiu o discurso. “Quem nasce no asfalto, com energia elétrica e água potável, não sabe o significado de fazer cisternas no Brasil. Quando fizemos mais de 1 milhão de cisternas, pensamos na sobrevivência e na dignidade das pessoas que mais precisavam”, comentou em determinado momento.

“Eu quero ser cobrado pelas pessoas. Não quero tapinha nas costas. Tem que existir cobrança, porque existe uma dívida social com o povo brasileiro. Temos que estender a mão para quem não teve oportunidades”, completou Lula.

Petista se reúne com parlamentares

Lula visita nesta quinta, pela primeira vez, o local onde a equipe de transição de governo está trabalhando. O petista chegou ao CCBB pouco depois das 10h. 

Além de conhecer a estrutura do gabinete de transição, montado no complexo destinado à formação de servidores do Banco do Brasil e a eventos culturais, Lula fará reuniões com integrantes da equipe de transição, além de parlamentares das bancadas aliadas.

Entre outros, devem ir ao encontro de Lula no CCBB a senadora Simone Tebet (MDB), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o senador Marcelo Castro (MBD-PI), relator-geral do Orçamento de 2023.

Além dos partidos da coligação (PSB, PCdoB, PV, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante e Agir), até agora estão confirmados no conselho político da transição representantes do PSD e do MDB. 

Lula diz sentir 'disposição' para aprovar PEC da Transição no Congresso

Lula desembarcou em Brasília na quarta (9), pela primeira vez após a vitória nas urnas em 30 de outubro. Pela manhã, esteve com Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) – liderança do Centrão que comandou a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula. À tarde, o presidente foi ao Supremo Tribunal (STF) e se reuniu com todos os ministros da Corte.

Após o encontro na Suprema Corte, Lula deu uma entrevista coletiva. Ele afirmou acreditar na aprovação pelo Congresso Nacional da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que será apresentada ainda durante o governo de transição para garantir a execução de serviços considerados essenciais pelo futuro governo. De acordo com o petista, não se trata de um projeto partidário referente a ele ou ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

O petista declarou que sentiu “muita disposição” ao conversar sobre o assunto com Lira e Pacheco. Segundo ele, Alckmin, que coordena a equipe faz a transição de governo, ainda vai discutir com os presidentes da Câmara e do Senado as intenções e o cronograma da PEC.

A PEC da Transição é necessária para o futuro governo de Lula cumprir promessas de campanha, inclusive a manutenção de serviços como o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 mensais e o extra de R$ 150 a crianças de até seis anos. Com foco na área social, a medida deve propor a retirada da regra do teto de gastos de medidas consideradas essenciais. O texto deve ser apresentado ainda nesta semana.

Ainda sem o valor estimado que precisará abrir no orçamento de 2023, Lula criticou quem já discursa contra a PEC. “Muitas coisas que as pessoas falam que é gasto, eu acho que é investimento. A saúde é investimento, porque investir em uma pessoa para ela não ficar doente é investimento. Farmácia popular é investimento para cuidar da vida das pessoas. Investir na educação não é gasto, é investimento. Nós precisamos mudar algumas nomenclaturas porque tudo o que a gente quer fazer é gasto, é gasto, é gasto”, reclamou.

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