PESQUISA

Lula cutuca Haddad e Fávaro sobre falta de investimento na Embrapa

Embrapa mantém mil pesquisas com custo anual de R$ 500 milhões; valor poderia ser maior, diz representante da empresa pública

Por Manuel Marçal
Publicado em 25 de abril de 2024 | 15:35
 
 
 
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) brincou nesta quinta-feira (25) ao dizer que seus ministros “falaram bonito” durante a solenidade dos 51 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), mas não falaram “em dinheiro” para fomentar a instituição. Ele se referiu especificamente aos titulares da pasta da Fazenda, Fernando Haddad, e da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Na avaliação do petista, é um "absurdo" e "irresponsabilidade de todo mundo" faltar “milhões” em recursos para fomentar pesquisas desenvolvidas pela Embrapa, que é uma empresa pública. 

"Eu notei aqui duas coisas legais. O Haddad veio aqui, falou bonito, mas não falou de dinheiro. Aí eu falei ele tratou com o meu ministro da Agricultura, o Carlos Fávaro: 'O Fávaro é que vai falar de dinheiro'. O Fávaro veio aqui, falou, falou, falou, puxou o saco dos funcionários e também não falou de dinheiro", disse.

Em seguida, o petista destacou que a única auxiliar do governo que falou “em dinheiro” no evento foi a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, que não assinou nenhum dos sete protocolos de parcerias com o governo federal e entidades internacionais. 

No entanto, o presidente confundiu o cargo que ela ocupa. “A única que falou de dinheiro foi a que não assinou nenhum protocolo, a Luciana, ministra de Minas e Energia”.

O petista disse ainda que o governo estuda abrir escritórios da Embrapa na África, visando colaborar com o desenvolvimento agrário e segurança alimentar do continente africano. 

Lula destacou ainda que é preciso ampliar investimentos para a instituição. “O que a gente precisa calcular é que cada centavo que colocamos na Embrapa retorna para este país em milhares de reais que se transformam em dólares e tornam o país o maior exportador do que quiser”, pontuou. 

O petista disse ainda que a Embrapa deve ser incluída nas viagens internacionais dele como forma de “exportar” para o mundo o “centro de excelência” que o Brasil tem. “Muitas vezes não consegue fazer uma pesquisa porque faltam R$ 30 milhões, porque falta R$ 15 milhões, porque faltam R$ 10 milhões. É uma coisa tão absurda a gente imaginar que um centro de conhecimento como a Embrapa deixa de fazer pesquisa porque falta R$ 1 milhão, R$ 2 milhões. Eu diria que é irresponsabilidade de todo mundo", completou. 

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, explicou, durante coletiva de imprensa ao término do evento, que a instituição mantém 1 mil pesquisas ao custo de R$ 500 milhões ao ano. Ela destacou ainda que um terço desses recursos são provenientes do poder Executivo. 

Embrapa mantém mil projetos com custo de R$500 milhões

“Estamos tocando os mil [projetos]. Mas se a gente conseguir o recurso, a gente consegue dar mais agilidade e fazer entregas mais rápidas para o setor produtivo”, frisou Massruhá.

A presidente da Embrapa explicou ainda que a Embrapa precisa de um modelo sustentável para custear as pesquisas. “O que acontece é que, às vezes, com um orçamento só da União, muitas vezes, a gente não consegue manter todas as pesquisas que a gente tem hoje. Então, a gente está precisando reforçar o orçamento da Embrapa de custeio para projetos de pesquisa”, completou. 

Em seguida, fez um apelo para que o setor produtivo e a iniciativa privada também fomentem pesquisas junto a instituição. “A Embrapa é importante como empresa pública, pro rural, para garantir a segurança alimentar e a soberania alimentar do nosso país. Mas precisa, hoje, como o agro-brasileiro, ele avançou muito. Hoje nós somos grandes produtores e exportadores de alimentos para o mundo todo. A gente, hoje, tem que aumentar as nossas parcerias e o próprio setor produtivo apoiar um pouco mais as pesquisas da Embrapa”, concluiu. 

Por sua vez, o ministro Carlos Fávaro destacou que o governo federal prevê investimento de R$ 1 bilhão com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) nos próximos anos. Ele disse que essa mudança não acontece com um passo de mágica, e que é preciso atuar conforme a realidade do orçamento e da responsabilidade fiscal. 

“Me desculpem a sinceridade, mas R$ 500 milhões é nada,  perante tudo aquilo que a Embrapa faz pelo Brasil. Acontece que orçamento público, responsabilidade fiscal, é uma dificuldade de superar. Com apoio do presidente Lula e com apoio também da iniciativa privada, vamos colocar mais recursos na Embrapa para que ela acelere o desenvolvimento", explicou. 

Questionado por jornalistas sobre a fala do presidente Lula que brincou ao chamá-lo de “puxa-saco” dos servidores, mas que não falou em dinheiro, o ministro da Agricultura e Pecuária respondeu de pronto. “Eu não sou o ministro da Fazenda. Não sou”, sorriu. 

 

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