Para Ciro Nogueira, 'segundo turno já começou' nesta eleição

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-AL), avalia que o segundo turno da eleição presidencial já começou. Sem acreditar em qualquer chance para os candidatos da terceira via, ele demonstra confiança na recuperação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e diz que, nas vésperas da eleição, o Brasil estará fazendo conta para saber se o presidente pode ganhar no segundo turno ou se enfrentará Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma segunda rodada. As declarações foram dadas ao programa Conversa com Bial, da "TV Globo".

"Não tem ninguém (na terceira via) capaz de incorporar um sentimento. E as pessoas que se apresentaram, o Moro, as pessoas não sentiram confiança. sentiram nele um aproveitador de um momento. Nós temos um país dividido, com dois candidatos que têm intenção de voto alta, muito alta, mas também com uma rejeição muito alta. O segundo turno já começou nessa eleição. Eu acho que é impossível esses dois nomes (fiquem de fora). Eu tenho uma previsão: muita gente acha que daqui dois meses o presidente já vai estar em empate com Lula. Nas convenções, ele já vai estar na frente. E nós vamos fazer conta se ele ganha no primeiro turno mais próximo à eleição. A minha previsão é essa, pelas pesquisas que nós temos em mão", diz o ministro da Casa Civil.

Para ele, o comportamento histórico do eleitor brasileiro indica boas chances de o presidente ser eleito, como aconteceu com os antecessores.

"Acho que o sentimento hoje é que as pessoas têm direito a um segundo mandato. A não ser que seja muito ruim o mandato. Mas nós temos um histórico de o primeiro mandato, exceto o da Dilma, ser inferior. O Lula mesmo. O segundo mandato foi muito melhor do que o primeiro", disse Ciro Nogueira, que em ocasiões anteriores havia dito que o primeiro mandato do ex-presidente tinha sido melhor.

Na entrevista, ele afirmou que o Lula que se apresenta agora se parece mais com o de 1989, que perdeu para Fernando Collor de Mello, do que o de 2002, que venceu José Serra (PSDB). Segundo ele, o petista hoje está aprisionado por seu partido.

"Até errei. O Lula não é o de 2002 não. É o de 89. É mais complicado. Pelas coisas que ele tem defendido. (...) É um Lula que saiu da prisão mas foi aprisionado pelo PT. Lula duvido se ele senta aqui com vc para dar uma entrevista", explicou.

Para o ministro da Casa Civil, o ex-presidente hoje não pode fazer campanha em razão da rejeição de nomes que o cercam. Questionado se não seria natural para o primeiro colocado na pesquisas não intensificar a campanha, ele discordou.

"Ele não precisa sair na rua? Ele não pode sair na rua. Os Estados que ele tem o maior percentual de intenções de voto são Piauí e Maranhão. Ele foi no meu Estado e não pode sair na rua. Ele está aprisionado. Com medo de que as pessoas vejam quem está do lado dele. Porque se você bota o Lula a pessoa até vai. Mas bota Dilma (Rousseff, ex-presidente) do lado dele. Bota as pessoas... A Gleisi (Hoffmann, presidente do partido). Bota do lado pra ver se as pessoas querem que essas pessoas voltem. Esse que é o problema. Ele não pode fazer campanha."

Apesar da confiança em Bolsonaro, ele não acredita que será possível que o atual governo vença no Nordeste.

"O presidente Bolsonaro vai ganhar a eleição no Nordeste? Não. Não vai ganhar no Nordeste. Mas ter uma votação muito maior do que a que ele teve na eleição passada. (...) Em algumas regiões vamos superar, mas no geral o Lula ganha no Nordeste, mas vai perder no resto do país de uma forma muito significativa. Por isso que vamos chegar na eleição fazendo as contas se o Bolsonaro vai ganhar no primeiro turno", aposta.