Gabinete paralelo

Pastor preso por esquema no MEC diz que Bolsonaro é vítima de ódio e manipulação

Na “Carta ao Povo de Deus, publicada nas redes sociais, o pastor Gilmar Santos faz um desabafo. Além de corrupção no MEC, ele também é acusado de manter uma empresa de fachada em Goiás

Por Renato Alves
Publicado em 24 de junho de 2022 | 10:26
 
 
 
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Após ser solto por meio de ordem judicial, o pastor Gilmar Santos, preso pela Polícia Federal com o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e o também pastor Arilton Moura, publicou a “Carta ao Povo de Deus” nas redes sociais, na noite de quinta-feira (23).

Dizendo que já estava em casa, em uma “profunda reflexão” e com o “coração quebrantado”, ele fez um desabafo, alegando que o Brasil “está tomado pelo ódio” e a “fome ao poder” manipula interesses escusos. 

Também saiu em defesa do governo de Jair Bolsonaro, que, segundo o religioso, é vítima da manipulação da verdade e da falta de transparência de informações.

“Escrevo já de casa em profunda reflexão e com coração quebrantado. Nosso país está tomado pelo ódio e a fome ao poder, com interesses políticos manipulando a verdade e a transparência dos fatos. Como sabemos, existe uma luta incansável para enfraquecer o governo eleito”, diz parte da carta.

“Irmãos, não há julgamento ou veredicto sob meu nome, o que mostra a ilegalidade desta prisão, sem lastro na legislação brasileira, reconhecidamente inconstitucional”, destaca outro trecho da carta.

”São tempos de guerra e eu não paro de lutar”, completa o pastor Gilmar.

Ligados a Bolsonaro, pastores são apontados como lobistas no MEC

Os pastores Gilmar e Arilton são acusados de comandarem um gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC), com consentimento do então ministro Milton Ribeiro. 

Em entrevistas e em áudio gravado por um prefeito, Milton Ribeiro diz ter aberto as portas do MEC aos pastores por ordem de Jair Bolsonaro. 

Os religiosos já frequentavam o Palácio do Planalto antes de Ribeiro assumir o ministério. O GSI chegou a impor sigilo sobre as visitas dos pastores ao Planalto, mas, diante da repercussão negativa, liberou a informação.

Os religiosos usariam influência para negociar a liberação de verbas do Fundo Nacional da Educação (FNDE), vinculado ao MEC, mediante pagamento de propinas, conforme denúncias feitas por prefeitos que estiveram com ambos em Brasília.

A Polícia Federal diz ter provas dos supostos crimes cometidos pelos pastores. O juiz que autorizou as prisões e as buscas e apreensões na operação deflagrada na manhã de quinta-feira afirmou haver fortes indícios contra os religiosos, Milton Ribeiro, que também é pastor, e outros dois acusados presos.

Pastor Gilmar também é acusado de manter uma empresa de fachada

O pastor Gilmar também é alvo de uma acusação formal do Ministério Público de Goiás (MP-GO) por manter uma empresa de fachada, onde ele é dono da Fundação Gilmar Santos desde 1995.

O MP goiano afirma ter identificado que a entidade recebeu doação de imóveis que nunca foram registrados, sendo uma chácara e um lote. Estes imóveis foram transferidos para a entidade por meio de doações à igreja Missão em Cristo, em Goiânia, presidida por Gilmar Santos.

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