Mudanças climáticas

Seca no Amazonas: Alckmin anuncia obras de dragagem e reforço de brigadistas

O governo federal também estuda liberar o seguro-defeso aos pescadores pelo período em que foram prejudicados

Por Renato Alves
Publicado em 04 de outubro de 2023 | 11:59
 
 
 
normal

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, anunciou em Manaus (AM), nesta quarta-feira (4), duas obras de dragagem, uma no Rio Solimões e outra no Rio Madeira, para recuperar a capacidade de navegação de ambos. A primeira terá 8 quilômetros de extensão, com duração de 30 dias e custo de R$ 38 milhões. A segunda, de 12km, terá duração de 45 dias e custo de R$ 100 milhões.

As obras fazem parte de um pacote de medidas emergenciais que visa minimizar o impacto da seca histórica no Amazonas e em outros estados da Região Norte. O governo federal também estuda liberar o seguro-defeso aos pescadores pelo período em que foram prejudicados. O Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima anunciou o envio de 191 brigadistas para reforçar a equipe local que trabalha no controle de incêndios no Amazonas.

Na segunda-feira (2), a seca na Região Norte levou à suspensão momentânea das atividades da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, uma das maiores geradoras de energia do Brasil. A baixa vazão do Rio Madeira levou à decisão que, segundo a empresa, foi tomada em alinhamento com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em comunicado, a empresa disse que os níveis de vazão do rio estão 50% abaixo da média histórica.

A viagem ocorreu a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se recupera de uma cirurgia. Alckmin e uma comitiva de ministros desembarcou em Manaus na manhã desta quarta para avaliar a situação de estiagem que atinge 58 municípios do Amazonas. Os representantes do governo federal visitaram áreas afetadas pela seca, como o porto da capital amazonense. A estiagem diminuiu o nível do rio, formando bancos de areia e dificultando a navegação. Além do Amazonas, sofrem com a estiagem Rondônia e Acre. 

Dos 62 municípios amazonenses, 55 estão em emergência

A situação deve se agravar em outubro, quando ainda não haverá chuvas. A estimativa da Defesa Civil é que até dezembro cerca de 500 mil pessoas sejam atingidas no Amazonas pelos efeitos da estiagem. Como os rios são o principal meio de transporte no estado, já faltam alimentos, água potável e outros itens básicos. A produção da Zona Franca de Manaus está comprometida.

Além de El Niño, que aumenta a temperatura das águas superficiais do oceano na região do Pacífico Equatorial, o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, logo acima da linha do Equador, inibe a formação de nuvens, reduzindo o volume de chuvas na Amazônia, segundo o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa). 

Em Manaus, a seca no rio Negro levou a antecipação do fim do ano letivo nas escolas ribeirinhas. De acordo com a prefeitura da capital do estado, a previsão era que o ano letivo terminaria no dia 17, mas as aulas foram encerradas nesta quarta-feira. O calendário escolar na região é baseado na cheia e vazante dos rios. Assim, as aulas são iniciadas em janeiro e finalizadas em outubro. Com o rio praticamente sem água, professores e alunos têm dificuldade em chegar às escolas.

Ainda segundo a prefeitura, nas escolas à margem do rio Amazonas, os alunos terão um calendário especial, com aulas remotas. A cada 15 dias, uma equipe pedagógica avaliará a possibilidade do retorno das atividades presenciais.

Mais de 120 botos morrem em lago do Amazonas 

Desde a semana passada, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá registrou a morte de mais de 120 botos cor-de-rosa e tucuxis na região do Lago de Tefé, no Amazonas. Até o momento, as causas não foram confirmadas, mas há indícios de que o calor e a seca histórica dos rios estejam provocando as mortes de peixes e mamíferos na região. 

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, informou ter mobilizado equipes de veterinários e servidores do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, além de instituições parceiras para apurar as causas dessas mortes. (Com Agência Brasil)

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!