Em 25 de janeiro de 2019, Minas Gerais entrou em luto profundo. Na data, a Barragem I da mina de Córrego do Feijão, da Vale, rompeu em Brumadinho e matou quase 300 pessoas. Não há acordo que valha uma vida. No entanto, desde então, o governo de Minas, o poder público mineiro e, acima de tudo, a nossa população têm sido categóricos: a empresa será responsabilizada pelos danos causados.
Quase dois anos depois, na semana passada, começaram as audiências de conciliação. Chegou a hora de iniciar as reparações tão cobradas desde 2019 e fazer, em nome de quem perdeu a vida e das famílias deles, justiça. Importante dizer que esse acordo em nada interfere no ressarcimento individual das famílias, que continua avançando.
Voltando às conversas com o Estado, na mesa de negociação, bilhões estão em jogo. Minas pede o bloqueio de R$ 26,6 bilhões para reparação imediata dos danos materiais e ambientais causados. O montante é quase 6,5 vezes maior que os R$ 4,1 bilhões firmados pelo Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) para reconstruir a bacia do rio Doce, duramente afetada pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, em 2016. Aliás, outra tragédia que enterrou sonhos.
Será um acordo histórico e, como disse o nosso governador Romeu Zema, o foco será o cidadão. Nessa linha, mesmo sem a decisão da Justiça sobre Brumadinho, o destino do dinheiro já está definido: melhorar a vida de milhões de mineiros.
Para isso, duas premissas têm que ser levantadas. A primeira delas é: o dinheiro tem que sair do papel, não pode ficar no campo das ideias. Afinal, de que adianta um acordo estratosférico sem pagamento real? Mais vale um bom acordo que mude as vidas das pessoas hoje do que outro que só sairá do papel em dez ou 20 anos. O segundo: a indenização tem que ser utilizada. A burocracia não pode impedir que os recursos sejam aplicados, como já vimos acontecer em outras oportunidades.
Com a indenização bilionária, o governo vai financiar mais de cem obras de extrema necessidade para os mineiros, de forma a acelerar o desenvolvimento de Minas. Os reflexos desses aportes surtirão de forma célere e substancial. Estima-se, por exemplo, que 198,3 mil empregos diretos e 101,7 mil indiretos sejam criados, totalizando quase 300 mil postos. Você, que me acompanha até aqui, consegue imaginar o impacto dessas vagas na vida das pessoas?
Vale destacar que parte do investimento será destinado exclusivamente aos municípios atingidos. Pelo menos R$ 1 bilhão irá para a universalização do saneamento básico das cidades que foram quase devastadas, levando água encanada e esgoto tratado para o nosso povo. Também serão investidos R$ 332 milhões em educação e saúde.
Tudo isso será feito em memória das “Joias”, como são chamados aqueles que perderam a vida na tragédia. Aproveito para deixar um abraço apertado em cada família que perdeu ente querido e reafirmar a recomendação do governador Romeu Zema de que as buscas sejam realizadas até que todos sejam encontrados. Faremos o possível por eles. Em nome deles.