Igor Eto

Quem é John Galt?

Ninguém é obrigado a saber tudo. E é isso que a liberdade pressupõe

Por Igor Eto
Publicado em 01 de março de 2023 | 05:55
 
 
 
normal

Nunca me gabei de não ter lido algo. Pelo contrário. Acho que todos devemos absorver o máximo de conhecimento possível, sempre. Mas aprendi que não somos capazes de estar em todos os lugares, de fazer todas as coisas e, muito menos, de ler todos os livros. E, mais do que isso, entendi que só existe um ser onipresente neste mundo: Deus. Embora tentemos ser Sua imagem e semelhança, perfeição não existe.

A exigência das redes sociais passou dos limites. Para sermos aceitos, temos que ser os mais bonitos, frequentar os lugares mais interessantes, vivermos rodeados de amigos, estarmos em forma, comer pratos elaborados e consumir a cultura que o outro considera adequada.

Vaidade e soberba

Desmerecer o outro por não conhecer os mesmos escritores ou artistas que nós e bater no peito se vangloriando de ter hábitos de leitura “melhores” do que o outro não nos torna especiais. Apenas mostra o quanto somos vaidosos e soberbos. Nos mostra o quanto nos achamos superiores.

Essa seletividade da internet nos diz muito sobre a nossa sociedade. O elitismo cultural está enraizado no nosso dia a dia, pronto para sair do armário a qualquer deslize daqueles que não consomem o que é considerado de “melhor qualidade”. Mas quem define o que é bom? Quem é o ser supremo da cultura brasileira que nos dita o que deve ou não ser consumido?

Respeitar a liberdade do outro

Ninguém é obrigado a saber de tudo. E é exatamente isso que a liberdade pressupõe. Temos o direito de escolher o que queremos consumir, quais livros ler ou qual música ouvir. E temos apenas uma obrigação: respeitar a liberdade do outro de fazer escolhas e definir prioridades.

A polêmica dos últimos dias sobre ler ou não ler determinado livro me lembrou de uma das obras responsáveis por mudar minha visão sobre como vivemos e nos relacionamos. “A Revolta de Atlas” é um romance escrito pela grande filósofa russa Ayn Rand. Durante as mais de mil páginas, ela nos convida a refletir sobre a importância da liberdade e sobre a responsabilidade que a livre escolha carrega.

"A Revolta de Atlas"

A autora destaca o poder de um pensamento que não se baseia em fatores subjetivos, mas sim na realidade, no racional. Na objetividade. Ela enfatiza que cada pessoa deve saber o próprio valor e deve se orgulhar dele, deixando de lado a necessidade de se inserir no coletivo censor, ou seja, deixando de lado a necessidade de agradar a todos, mas focando sempre o correto.

“A Revolta de Atlas” teve um papel fundamental na minha vida (tão importante que decidi tatuar o titã Atlas no braço) e na de milhões de outras pessoas. O livro foi, inclusive, considerado o segundo mais influente dos Estados Unidos, perdendo apenas para a Bíblia.

É uma aula sobre liberdade, sobre como o autoritarismo é prejudicial e sobre como as intervenções podem ser catastróficas. Uma aula sobre como somos (ou deveríamos ser) livres para escolher aquilo que queremos para nós. Fica, aqui, minha dica de leitura.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!