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Indicação de Luísa Barreto para Seplag não é política, diz PSDB

Ex-candidata à PBH assumiu a Secretaria de Planejamento do governo Zema após saída de Otto Levy

Por Thaís Mota
Publicado em 20 de abril de 2021 | 06:00
 
 
 
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A escolha de Luísa Barreto (PSDB) para integrar o governo de Minas não é vista pelos tucanos como uma indicação política do governador Romeu Zema (Novo). Tampouco um indicativo de que os partidos poderiam caminhar juntos pela reeleição de Zema em 2022. Ela foi empossada na última quinta-feira para a vaga aberta com a saída de Otto Levy da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). 

A avaliação feita por boa parte dos deputados da bancada federal do PSDB e também da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) é que a indicação de Luísa é fruto do trabalho realizado por ela na Secretaria Adjunta, ainda antes de se candidatar à Prefeitura de Belo Horizonte na eleição passada. Para muitos, ela ainda não estaria pronta para o cargo.

“A indicação da Luísa para a Secretaria de Planejamento foi uma escolha pessoal do governador e única e exclusivamente pela competência da secretária”, disse o líder de governo na ALMG, deputado Gustavo Valadares (PSDB). Ele afirmou que a Seplag não é uma pasta que permite indicações meramente políticas: “Uma secretaria técnica como é a Secretaria de Planejamento não é de cota política e nem deve ser, então ela não passou pela relação partidária PSDB e governo”. 

Valadares também reafirmou que o PSDB tem uma relação boa com o governo, tanto é que o tucano é líder do Executivo no Legislativo, antes mesmo da indicação de Luísa: “O que eu posso lhe falar é que a gente tem muita simpatia pelo governo, pelo governador. São pessoas de bem, pessoas bem intencionadas e que têm feito muito bem ao Estado”. 

A avaliação sobre o que levou à escolha da tucana para a Seplag é endossada pelo deputado João Leite (PSDB), que foi um dos maiores entusiastas da candidatura de Luísa à PBH: “Pela fala do governador na posse, foi uma escolha técnica, e não uma escolha política. Ela já tinha sido adjunta do Otto Levy, e o governador entendeu que seria a pessoa correta. Portanto, não há uma indicação da bancada nem do partido”.

Também o presidente da legenda no Estado, deputado federal Paulo Abi-Ackel, afirma que a nomeação de Luísa não tem impacto na relação do PSDB com o governo estadual. “A nomeação da Luísa se deve muito mais em razão da proximidade pessoal dela com o governador e os secretários de governo do que em razão de qualquer proximidade partidária. Nós estamos satisfeitos de poder ter um quadro do PSDB contribuindo com o planejamento do governo, mas a nomeação não representa exatamente maior ou menor proximidade com o governo”, disse.

O deputado federal Domingos Sávio (PSDB) acrescenta que a sigla decidiu apoiar o governo Zema em função da história do PSDB com o Estado. “Nossa contribuição com o governo Zema tem acontecido desde o início do seu mandato, deixando claro que isso foi uma opção do partido para ajudar Minas a sair do caos administrativo e financeiro em que o governo do PT nos deixou. Nunca solicitamos nenhum cargo ao governador Zema, e a Luísa foi uma escolha do governador pelos méritos profissionais dela”, garantiu.

Possibilidades

Apesar da proximidade do PSDB com o governo do Estado, a maioria dos integrantes do partido avalia que é cedo para definir o rumo que os tucanos tomarão em Minas em 2022. Segundo Paulo Abi-Ackel, a sigla tem três possibilidades: firmar uma aliança pela reeleição de Zema, lançar uma candidatura própria ou entrar em uma candidatura de terceira via, que não seria Zema nem o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), cotado para concorrer contra o atual governador.

“Podemos apoiar o candidato de outro partido que pode eventualmente surgir com força para representar essa corrente política que não se sente representada pelos outros dois polos”, disse.

Um dos nomes mais cotados para essa possível terceira via é o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), que tem a aceitação de muitos tucanos e é visto como um nome forte para a disputa. “Essas conversas devem se intensificar nos próximos meses, mas já existe uma convergência de várias forças políticas de Minas que veem no presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um nome capaz de aglutinar lideranças políticas, sociais e do setor produtivo em torno de um projeto de governo mais audacioso do que o atual para desenvolver econômica e socialmente nosso Estado e redimensionar politicamente Minas no cenário nacional”, disse o deputado Aécio Neves.

“Rodrigo é um nome hoje nacional, é uma figura de expoente nacional. O nome do Rodrigo numa disputa pelo governo do Estado obviamente embola um pouquinho o jogo, mas está muito cedo para qualquer análise desse tipo”, avalia o líder do governo na ALMG, deputado Gustavo Valadares. Mas, ele reforça que ainda é cedo para esse tipo de análise.

“Não me permito, no meio de uma pandemia, com as famílias perdendo seus entes queridos e amigos, discutir política eleitoral para 2022. Haverá o tempo próprio para discutir isso. Agora, para qualquer político mineiro é uma honra ser governador do Estado”, respondeu Pacheco quando questionado sobre concorrer ao governo de Minas.

Já o deputado estadual João Leite e o deputado federal Domingos Sávio defendem uma candidatura própria. “Minas é o segundo Estado mais populoso da federação e portanto entendo que devemos ter candidato a governador, mas isso não nos impede de ajudar e dialogar com o governador Zema”, disse Domingos Sávio, sem ainda falar em nomes. 

João Leite mencionou a possibilidade de que esse candidato venha da bancada federal e citou os nomes do próprio Domingos Sávio e de Eduardo Barbosa. Outro nome de projeção é do próprio presidente da sigla no Estado, Paulo Abi-Ackel. Mas, quando questionados sobre nomes, a maioria dos tucanos recorre à estratégia do “ainda é cedo para dizer”.

Terceira via

A posição do Partido Novo de não fazer coligações reforça a possibilidade de o PSDB, mesmo com boas relações com o governo de Minas, lançar candidatura própria ou apoiar um candidato de terceira via ao governo. Essa também é uma peça que entra na conta do deputado Paulo Abi-Ackel. “Acho que o Zema não vai querer coligação com o PSDB na chapa”, disse.

Outro ponto que pode desabonar uma aliança com Zema é se ele voltar a se colar no presidente Jair Bolsonaro, como fez nas eleições de 2018. “Não deixa de ser um aspecto que tem que ser considerado porque grande parte da militância do PSDB não revela muita simpatia pelas últimas atitudes que o presidente Bolsonaro tem adotado”, disse Abi-Ackel.

Também questionado sobre isso, Gustavo Valadares disse que o partido quer “distância” do presidente Bolsonaro. “Quanto mais distante do Bolsonaro, melhor. Por isso, eu falo que está muito cedo. A gente não consegue ver ainda se o PSDB vai ter nome na eleição nacional, nós temos uma prévia marcada para outubro. Tudo isso acaba pesando na hora da definição do caminho que o PSDB vai tomar aqui no Estado”, disse.

 

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