LINGUAGEM NEUTRA

‘Inútil’, diz pré-candidata do PSOL sobre discussão de linguagem neutra na CMBH

Sara Azevedo ainda classifica de 'inconstitucional' e 'cortina de fumaça' a proposta apresentada pelo vereador Nikolas Ferreira (PL)

Por Ana Karenina Berutti
Publicado em 06 de julho de 2022 | 11:00
 
 
 
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O projeto de lei (PL) patrocionado pelo vereador de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira (PL), aprovado em primeiro turno, ontem, na Câmara de Belo Horizonte, que proíbe o uso de linguagem neutra ou não binária nas escolas, foi alvo de críticas da pré-candidata ao Senado pelo PSOL, Sara Azevedo, em entrevista para o Café com Política, do programa Super N 1ª edição, da Rádio Super 91,7 FM, nesta quarta-feira (6). Segundo a pré-candidata, o projeto é 'inútil e inconstitucional' e tudo não passa de uma 'cortina de fumaça'.
 
"A proposta do vereador não corresponde à realidade. A questão da linguagem neutra não está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nem na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o que torna seu projeto inútil e inconstitucional. Isso é cortina de fumaça para não discutir o cerne de problemas muito mais sérios nas escolas", argumentou Sara Azevedo. Para ela, o real problema são estudantes voltando às salas de aula após dois anos de pandemia com a saúde mental debilitada, com tantos casos de depressão e suicídio entre jovens e crianças.
 
Antes mesmo de defender que as mudanças na LDB seriam uma pauta sua no Senado, Sara Azevedo fez questão de ressaltar que a formação dos profissionais da educação sobre essas questões deve ser a verdadeira prioridade. "Toda discussão nesse sentido deve ser incentivada, assim como termos cada vez mais pesquisas em universidades sobre o assunto para, então, trazermos a questão para a rede básica", defendeu.

Segundo Sara Azevedo, a escola é o espaço onde há maior evasão da população LGBTQIA+. Se eles não se formam, não entram no mundo do trabalho, o que aumenta a marginalização. Nesse sentido, a pré-candidata ao Senado acredita que é preciso pensar e propor estratégias de uma melhor formação dos profisssionais da educação para receberem e acolherem essa população tão oprimida na escola.
 

Luta pela sobrevivência

 
 
Uma das propostas da pré-candidata ao Senado pelo PSOL  é desenvolver políticas públicas a nível federal para a população LGBTQIA+. "O Brasil é um dos países que mais mata a população LGBTQIA+ no mundo. Por isso, lutar pelos seus direitos ainda é lutar pela sua sobrevivência. Mas é preciso ampliar essa luta e garantir direitos iguais para toda a população", defendeu.
 
"Se ainda estamos discutindo o direito da população LGBTQIA+ a ter acesso a banheiros públicos sem constrangimento, podemos entender que estamos realmente falando da sobrevivência dessas pessoas", afirmou Sara Azevedo se referindo ao vídeo de uma aluna trans no banheiro feminino de uma escola particular da capital exibido pelo vereador Nikolas Ferreira.
 
Sara Azevedo lembrou que, pela primeira vez, há dados oficiais sobre a população LGBTQIA+ divulgados pelo IBGE, ainda que sejam inconclusivos. Segundo ela, até então, só existiam pesquisas realizadas pelas próprias ONGs. Com base nessas informações, será possível planejar e propor políticas públicas mais assertivas para essa população.

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