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Investigação sobre desvios na CMBH mira mais políticos

Operação que prendeu Wellington Magalhães tem inquéritos contra outras autoridades

Por Bernardo Miranda
Publicado em 26 de abril de 2018 | 03:00
 
 
 
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A Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) estão com inquéritos abertos para apurar a participação de outros políticos no esquema de corrupção que levou o ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte Wellington Magalhães para a prisão. Fontes ligadas à investigação confirmaram que há outros procedimentos abertos em busca de provas mais robustas contra esses agentes políticos.

“Para não atrapalhar os trabalhos, é precipitado divulgar neste momento nomes ou cargos que ocupam esses investigados. Mas o trabalho continua para conseguir comprovar o envolvimento desses agentes políticos nos atos criminosos comandados por Wellington Magalhães”, contou uma pessoa que atua nessas investigações. Na quarta-feira (25), o promotor do caso, Fabrício Lima Fonseca Pinto, disse que havia indícios de relação de agentes políticos com a empresa envolvida nas fraudes dos contratos de publicidade da Câmara Municipal.

Apesar de as investigações estarem em curso, ainda não há previsão de que Wellington Magalhães preste depoimento para ajudar a elucidar os supostos crimes cometidos. “Ainda não há necessidade de fazer essa oitiva, pois não sabemos se esse interrogatório irá de fato ajudar de alguma forma a investigação. Vamos continuar os trabalhos, e à medida que o inquérito for avançando podemos marcar o depoimento”, disse a fonte ligada às investigações.

Além do envolvimento de outros políticos no esquema de desvio de verba dos contratos de publicidade da Câmara, há investigações também sobre outros crimes que podem ter sido cometidos por Magalhães e outros políticos.

A relação de Wellington Magalhães com autoridades de alto escalão não é uma novidade para as investigações. No dia em que a operação foi deflagrada, em 18 de abril, o promotor Leonardo Barbabella revelou que o ex-presidente da Câmara tinha reuniões com o então secretário de Estado de Governo, Odair Cunha (PT). Magalhães teria pressionado para abafar as investigações contra ele.

A ex-chefe da Polícia Civil Andrea Vacchiano disse, em depoimento, que Odair ordenou que ela seguisse os pedidos de Magalhães, porque ele seria amigo do governo. Vacchiano foi retirada do cargo nove meses após assumir a chefia da corporação. Em seu lugar assumiu o delegado João Octacílio Silva Neto. Interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça gravaram diversas conversas entre Wellington Magalhães e João Octacílio nos últimos dois anos.

Paradeiro. Antes de Magalhães se entregar, a Polícia Civil já estava próxima de identificar seu esconderijo. Segundo investigadores, os policiais haviam conseguido rastrear os locais nos quais ele havia retirado dinheiro e realizado compras. O veículo que estaria sendo utilizado por ele para se locomover também havia sido identificado.

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