Decreto

Kalil faz agrado à bancada cristã

Prefeito recuou e retirou referências à diversidade de gênero em políticas da Secretaria de Educação

Por Bernardo Miranda
Publicado em 27 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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O prefeito Alexandre Kalil (PHS) recuou e retirou todas as citações sobre a inclusão de ações de igualdade de gênero e diversidade sexual do decreto que regulamentava a atuação da Secretaria Municipal de Educação (Smed). A mudança ocorre após o prefeito se reunir com a bancada cristã da Câmara Municipal, que se posiciona contra a discussão do tema nas escolas.

Na última sexta-feira, a prefeitura publicou no “Diário Oficial do Município” (“DOM”) alterações ao decreto 16.690/2017, que havia sido publicado no início do mês.

A Gerência de Relações Étnico-Raciais e de Gênero passou a ser chamada apenas de Gerência de Relações Étnico-Raciais. A mesma alteração foi feita na agora chamada Diretoria da Educação Inclusiva e Diversidade Étnico-Racial. Além dos nomes, foram retiradas do rol de competência dessas unidades as políticas que visavam discutir a igualdade de gênero e diversidade sexual.

A mudança ocorre no momento em que o prefeito Alexandre Kalil precisa aprovar projetos importantes na Câmara Municipal, como o novo Plano Diretor e a liberação do novo estádio do Atlético. Como a bancada cristã na Câmara Municipal conta com 26 vereadores, ter o apoio dessa ala é fundamental para as propostas do Executivo.

O vereador Pedro Patrus (PT) se disse decepcionado com a postura de Kalil. “É uma decepção, porque o prefeito vinha com um postura de governar para todos. Agora, ele cede à pressão de uma bancada de vereadores e altera uma medida que foi tomada com decisões técnicas só para beneficiar um grupo político”, afirmou.

Líder da bancada cristã, o vereador Jair di Gregório (PP) confirma a conversa com o prefeito Alexandre Kalil, mas diz que não houve nenhuma pressão ou ameaça contra a aprovação de projetos da prefeitura. “Não houve pressão ao prefeito Kalil, até porque ele não funciona dessa forma. O que houve foi uma conversa, e o prefeito entendeu o nosso ponto de vista que, inclusive, é o mesmo dele. O Kalil apoia a causa LGBT, foi à parada gay, mas ele é contra a ‘ideologia de gênero’”, disse.

Gregório afirmou que a bancada não tem nada contra a comunidade LGBT, mas não quer que sejam ensinados na escola valores que, segundo ele, vão contra a família. Ele destacou que, independentemente da decisão de Kalil, a bancada cristã não faria retaliações às ações da prefeitura. “Eles ficam falando que é uma troca de interesses para aprovar o estádio do Atlético. Não tem nada disso. A maioria dos vereadores da bancada vai votar a favor do estádio. Inclusive eu, que não torço para o Galo”, disse.

A Secretaria Municipal de Educação informou, por meio de nota, que a mudança de nomenclatura não altera as ações pedagógicas voltadas para o respeito à pluralidade. “A Smed continua, contudo, comprometida com uma educação pautada pela legislação educacional vigente, que valoriza a pluralidade dos sujeitos nas escolas, e os projetos e ações educacionais realizados na rede municipal continuam em desenvolvimento”, diz o texto. A assessoria do prefeito Alexandre Kalil afirmou que o posicionamento da secretaria é o posicionamento da prefeitura.

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