Liderança mineira

Kalil ganha projeção no cenário político brasileiro

Desde que foi reeleito, prefeito de Belo Horizonte conquistou espaço em articulações nacionais

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 06 de janeiro de 2021 | 14:30
 
 
 
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Desde que venceu com folga as eleições municipais ainda no primeiro turno em novembro, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), tem conquistado cada vez mais espaço e projeção no cenário político nacional.

O ápice desse processo, até agora, foi a reunião realizada na casa de Kalil na terça-feira (5) que encaminhou o apoio do PSD à tentativa do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) de se eleger presidente do Senado.

Embora o prefeito tenha ouvido mais do que falado durante o encontro, o local escolhido para a reunião não deixa dúvidas: a concordância de Kalil foi fundamental para que o acordo saísse, já que Pacheco poderia ser seu adversário em uma eventual disputa pelo governo de Minas em 2022.

“Kalil tem conversado com Rodrigo Maia e com Ciro Gomes, mas hoje ele é candidato a governador de Minas”, disse uma fonte que pediu para não ser identificada.

De acordo com a coluna do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, Kalil e Maia almoçaram na casa da ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, no último dia 29 de dezembro. Na pauta estava justamente o apoio do PSD à candidatura de Rodrigo Pacheco em troca do DEM apoiar a candidatura de Kalil ao governo em 2022.

O prefeito de Belo Horizonte também entrou no radar da família Bolsonaro. Somente em dezembro houve duas ocasiões em que Kalil sofreu ataques. Depois do prefeito cogitar restringir as atividades comerciais por causa do aumento de casos da Covid-19 na cidade, o deputado federal Eduardo Bolsonaro o chamou de “ditador” nas redes sociais.

Ato contínuo, Kalil afirmou que não costuma responder falas de deputados federais. “Meu pai falava se não tiver público não tem picadeiro, se não tem picadeiro, não tem palhaço”, disse em entrevista à Globonews no dia 2 de dezembro.

Em 18 de dezembro, dias depois de Kalil ir a São Paulo discutir a compra da Coronavac com o governador João Doria, o presidente da República, Jair Bolsonaro, mencionou o prefeito de Belo Horizonte. Na ocasião, ele comentava a decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir que prefeitos e governadores imponham restrições a quem não se vacinar.

“Você que reelegeu o prefeito da tua cidade, você conhecia a vida dele. Você conhecia o prefeito de Belo Horizonte? Que eu pedi voto para outro cara [Bruno Engler] e reelegeu o cara (Kalil)? Ele fechou tudo. Qual vai ser a atitude dele agora? Não sei. Mas vocês escolheram ele. Então se ele fechar, o problema é teu. Você não votou nele?”, disse o presidente.

Kalil respondeu lembrando que o governo federal mandou R$ 7 milhões no início de 2020 para reparar os danos causados pela chuva, enquanto a prefeitura investiu R$ 200 milhões. “Ainda bem que lembrou que Belo Horizonte existe. Vamos ver se vai lembrar na hora de mandar alguma ajuda a mais para a cidade”, disse.

Futuro político é alvo de especulações

Diante deste cenário, têm crescido nos bastidores as especulações em torno do caminho que Alexandre Kalil escolherá em 2022. A pouco menos de dois anos das eleições, muita coisa ainda pode acontecer e o cenário ainda é incerto.

Oficialmente, há um esforço para passar a mensagem de que o prefeito está focado em Belo Horizonte, como disse o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, após a reunião na casa de Kalil. “Em todas as conversas que nós temos com ele, em nenhum momento ele desvia suas atenções em relação à Belo Horizonte”, disse.

Ao mesmo tempo, Kassab citou Kalil como um dos eventuais nomes do PSD para disputar a presidência da República, após defender em entrevista no início de dezembro que o partido lance candidato próprio.

Uma candidatura de Alexandre Kalil em 2022 é dada como certa por políticos mineiros. A questão é se será ao governo de Minas ou como parte de uma chapa na busca pelo Palácio do Planalto.

Os sinais emitidos pelo entorno do prefeito variam. Com a relação cada vez mais próxima com Rodrigo Maia (DEM), há quem diga que a articulação é para que Kalil seja candidato à Presidência e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), candidato a vice.

Por outro lado, Kalil também tem boa relação com Ciro Gomes (PDT), a quem apoiou nas eleições de 2018, e não se descarta que ele possa compor uma chapa com o cearense.

“Para vice-presidente não tem nada (de articulação). O PSD tem candidato próprio em 2022”, disse uma segunda fonte familiarizada com as conversas que estão sendo travadas, ao ser questionada se existiria a possibilidade do prefeito de Belo Horizonte ser vice de Ciro.

“Modéstia nunca foi o meu forte. Você já pensou se eles quiserem me carregar até lá (à Presidência)? É claro que eu vou. Eu não tenho nenhuma pretensão, eu sou prefeito reeleito de Belo Horizonte e respeito a votação massacrante que eu tive. Agora pera, lá. Se eu for carregado para lá, muito obrigado”, disse Kalil no programa Roda Viva no início de dezembro, quando perguntado se aceitaria ser candidato a presidente.

Um político mineiro, que pediu para ter a identidade preservada, considera que Kalil é candidato a governador e que ele adota uma estratégia já conhecida. “Na política se mira mais alto para acertar o que se pretende”, resumiu.

A Prefeitura de Belo Horizonte não quis comentar a reportagem.

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