Laura Serrano

Brasil perde 40% da água tratada

Como reduzir o desperdício

Por Laura Serrano
Publicado em 27 de março de 2023 | 07:00
 
 
 
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No dia 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água. A data foi sugerida na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992. A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu como tema de debates para este ano de 2023: “Acelerando Mudanças – Seja a mudança que você deseja ver no Mundo”. Também utiliza para isso a fábula do beija-flor que apaga o incêndio da floresta carregando gotas de água em seu bico.

Cada gota conta e a participação de cada indivíduo para melhorar sua cidade, seu país, o mundo em que vivemos, é fundamental. Para além das ações individuais que podem fazer a diferença no todo, também são extremamente relevantes os esforços institucionais com ganho de escala para transformações estruturais. Não seria diferente com o setor de recursos hídricos e saneamento.

Defasagens preocupantes

No entanto, o ranking anual de saneamento do Instituto Trata Brasil, publicado no último dia 20, aponta uma série de defasagens preocupantes e estruturais dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no nosso país. A fonte de dados para o ranking das cidades é o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SNIS) de 2021, importante por ser a primeira edição após aprovação do Novo Marco Legal do Saneamento em 2020.

O ranking considera os 100 municípios mais populosos do Brasil e evidencia que as 20 cidades brasileiras mais bem posicionadas, capitaneadas por São José do Rio Preto em São Paulo, investem em saneamento anualmente, em média, R$ 166,52 por habitante. Apenas uma cidade mineira aparece entre as 20 melhores: Uberlândia, em 3º lugar. Enquanto isso, as 20 piores cidades do ranking do saneamento investem apenas R$ 55,46 por habitante.

Investimento

Isso demonstra que aumentar a capacidade de investimentos e injeção de recursos no setor de saneamento é prioritário para aumentar a cobertura dos serviços de acesso a água potável, coleta e tratamento de esgoto. Por outro lado, os governos e estatais de saneamento encontram-se, em sua maioria, com graves gargalos na capacidade de investimentos. Portanto, a atração de recursos privados para o setor, conforme prevê e incentiva o Novo Marco Legal do Saneamento, é uma solução importante para a universalização do saneamento básico no Brasil.

Universalizar o saneamento básico significa garantir acesso ao abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto para todos. É garantir mais saúde e dignidade para a população, cuidando dos cursos d’água e meio ambiente. Segundo o Instituto Trata Brasil, nosso país registrou 273 mil internações devido a doenças hídricas. Em 2020, estimou-se que a universalização do saneamento poderia gerar uma redução de até R$ 1,2 bilhão por ano nos custos com saúde no Brasil.

Saneamento e produtividade

Dessa forma, o Trata Brasil ainda estima que a universalização do saneamento básico no Brasil seria capaz de gerar um aumento na produtividade do país de cerca de R$ 21, 8 bilhões. Aumentar a produtividade ou eficiência é aumentar a geração de renda para o brasileiro e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Para isso, é preciso que as empresas prestadoras de serviços de saneamento também sejam mais eficientes.

No entanto, as 100 maiores cidades brasileiras perdem, em média, 36% da água tratada, enquanto o índice nacional é ainda pior, 40% de perdas. Estamos falando de uma indústria que perde mais de 1/3 da sua produção ao longo do processo produtivo e distribuição. Reduzir o nível de perdas de água tratada no Brasil é um desafio que precisa ser enfrentado com mais eficiência e investimentos.

Não há como falar de Dia Mundial da Água sem defender a universalização do saneamento básico.

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