Como foco no que realmente importa pode melhorar a vida?

Atualmente, ouve-se falar muito sobre essencialismo. O essencialismo é uma filosofia especialmente positiva quando se trata de desenvolvimento pessoal e profissional. Essa abordagem enfatiza a importância de identificar o que é mais central na vida e concentrar seus esforços nessa direção. Em vez de se espalhar por muitas atividades ou projetos, o essencialismo defende a ideia de que é mais eficaz concentrar a energia em poucas áreas-chave, que são as mais significativas e valiosas para cada indivíduo.

Na prática, isso significa escolher cuidadosamente onde investir tempo, energia e recursos para maximizar o impacto e a realização. Por exemplo, um empreendedor pode optar por se concentrar em um único produto ou mercado, em vez de tentar abranger muitas opções de produtos e públicos, o que pode diluir seus esforços e recursos. Ou um pai pode decidir se concentrar em passar tempo de qualidade com seus filhos, em vez de se envolver em muitas atividades sociais ou profissionais que o afastem da família.

O essencialismo também pode ser aplicado ao planejamento de tarefas e prioridades diárias. Em vez de se sobrecarregar com muitas tarefas e objetivos, um indivíduo pode identificar as tarefas mais importantes e significativas do dia e concentrar-se nessas primeiramente, em vez de tentar fazer tudo de uma vez. A ideia é de que, para alcançar resultados efetivos, mais vale andar um metro em determinada direção do que um centímetro em cem direções.

Além disso, o essencialismo pode ajudar a aumentar a clareza, a produtividade e a satisfação no trabalho. Por exemplo, um profissional pode escolher se especializar em uma área específica em sua carreira, em vez de tentar abranger muitas áreas diferentes, o que pode resultar em falta de foco e efetividade. Ao se especializar em uma área, um indivíduo pode se tornar uma referência em seu campo, o que pode levar a uma maior demanda e valorização no mercado de trabalho.

No entanto, é importante notar que o essencialismo não significa ignorar ou descartar tudo o que não é considerado essencial. Em vez disso, essa abordagem defende que as escolhas devem ser feitas com base em uma compreensão clara do que é realmente importante e significativo, para que se possa dedicar tempo e recursos adequados a essas áreas-chave. Isso pode permitir que os indivíduos encontrem um equilíbrio entre suas necessidades e desejos, ao mesmo tempo em que evitam o estresse e a sobrecarga de tentar abranger muitas atividades e objetivos.

Ao identificar as coisas mais importantes e significativas e concentrar seus esforços nessas áreas-chave, os indivíduos podem maximizar o impacto e a realização, enquanto evitam o estresse e a sobrecarga. Essa abordagem pode levar a uma maior clareza, produtividade e satisfação no trabalho, no âmbito pessoal e na vida em geral.

Se o essencialismo é uma filosofia capaz de gerar mais resultados e mais satisfação para o indivíduo, proponho uma reflexão sobre como seria aplicar o essencialismo ao governo. Os governos deveriam concentrar seus esforços e recursos naquelas áreas prioritárias para a população: saúde, educação, segurança e infraestrutura.

Governos que se aventuram em mercados com atuação da iniciativa privada canalizam recursos para essas ações deixando de investir naquilo que realmente importa. Além disso, em geral, a gestão estatal é menos eficiente e mais cara do que quando o serviço é prestado por especialistas privados. Governo essencial é aquele que se restringe ao mínimo necessário, mas entrega com qualidade saúde, educação, segurança e infraestrutura para sua população.

Laura Serrano é diretora geral da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário (Arsae-MG) e mestre em economia