Sobrevivência política

Lula quer superar discurso de ‘golpe’

Ex-presidente, no entanto, encontra resistência de alas dentro do próprio partido


Publicado em 14 de fevereiro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Rio e São Paulo. Preocupado com a sobrevivência política do PT, o ex-presidente Lula tenta convencer o partido de que, depois de quase 14 anos no comando do país, a sigla não pode voltar a ter uma atuação apenas de contestação, e sim fazer uma oposição propositiva. Quase seis meses depois do impeachment de Dilma Rousseff, Lula considera que é preciso ir além do discurso do “golpe”. “Nós ficamos gritando ‘Fora, Temer’ e o Temer está lá dentro. Gritamos ‘não vai ter golpe’ e teve golpe. Estamos gritando contra as reformas e eles estão aprovando as reformas em tempo recorde”, disse Lula, ao discursar, no lançamento do 6º Congresso Nacional do PT, que discutirá em junho os rumos do partido.

Quinze dias depois desse discurso, Lula abriu diálogo com o presidente Michel Temer, que foi prestar condolências pela morte de sua mulher, Marisa Letícia. No PT, tanto as alas à esquerda quanto o campo majoritário, tentaram minimizar o encontro, classificando-o de protocolar. Os petistas tentam implodir qualquer possibilidade de desdobramento político.

Já o entorno de Temer é entusiasta da continuidade do diálogo, embora afirme que não há perspectiva de nova conversa no curto prazo. Auxiliares de Temer afirmam que a única pauta comum possível é a reforma política. Apesar da torcida petista contra, um ministro de Temer ressaltou que é da natureza de Lula a composição política.

Recentemente, o ex-presidente já havia contrariado a militância e a esquerda do PT ao orientar o apoio às candidaturas do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) às presidências da Câmara e do Senado. O objetivo era garantir cargos na Mesa Diretora das duas Casas e evitar que o PT ficasse ainda mais isolado. A reação da militância levou a direção nacional a recuar e recomendar a união das esquerdas.

Plano é viajar pelo país em campanha

São Paulo. Lula deve mergulhar ainda mais de cabeça na política após a morte de Marisa Letícia. A expectativa de aliados é que a perda da ex-primeira-dama não mude a sua disposição de assumir a presidência do PT, em junho. No entorno de Lula, há ainda quem acredite que o petista vai agora percorra o país, até como uma forma de ocupar a cabeça. Lula vinha discutindo, antes da morte de Marisa, o melhor momento para colocar na rua a sua candidatura à Presidência em 2018. 

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