Região Centro-Sul

Manifestantes protestam contra Bolsonaro na praça da Liberdade, em BH

Direita, centro e parte da esquerda protestaram em ato conjunto

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 12 de setembro de 2021 | 10:58
 
 
 
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Manifestantes se reuniram na manhã deste domingo (12) na Praça da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O ato começou às 10h e foi encerrado por volta das 12h40.

Inicialmente convocado por grupos de direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua Independentes, o protesto recebeu a adesão de partidos e movimentos de centro e de parte da esquerda após as manifestações bolsonaristas de 7 de setembro. 

A pauta, que era “Nem Lula, nem Bolsonaro”, passou a ser unicamente o impeachment do atual presidente e o branco foi adotado como cor oficial. 

No carro de som, os discursos também focaram nas investigações por supostos crimes de “rachadinha” envolvendo os gabinetes de Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro, em críticas a atuação do governo federal no enfrentamento à pandemia e também na atual conjuntura econômica com o avanço da inflação.

O partido de esquerda que compareceu com mais força foi o PDT, mas também estiveram presentes representantes do PSB, além do Movimento Acredito. Rede e Cidadania convocaram seus integrantes a participarem do ato.

A direita liberal foi representada pelo deputado estadual Guilherme da Cunha (Novo), pelo Movimento Livres e pela União da Juventude Livre (UJL). Também foi possível identificar pessoas com camisas do Novo e do PCdoB.

"A manifestação é unicamente para pedir 'Fora, Bolsonaro'. Hoje a gente entende que a defesa da democracia é mais importante que qualquer divergência ideológica ou programática", disse Caíque Januzzi, liderança do colegiado do MBL-MG.

"Devido à reação que a gente precisa ter agora, sobre a emergência pelo impeachment e o discurso do presidente que cada vez afronta mais a democracia, a gente precisa ter uma reação em conjunto. Então conversamos também com os movimentos de esquerda", afirmou César Péret, que também integra a liderança do colegiado do movimento.

A estimativa do MBL-MG é que 5 mil pessoas compareceram ao protesto em seu ápice. A Polícia Militar de Minas Gerais informou que não divulga mais estimativas de público em manifestações.

Para Lucas Paulino, uma das lideranças do Movimento Acredito, a manifestação deste domingo foi mais um passo para a construção de uma frente ampla pelo impeachment.

"Nosso objetivo aqui é construir uma ponte com o pessoal da direita, que ainda não participou das manifestações da esquerda, para a gente construir essa frente. É dar o recado que não só a esquerda e o centro estão lutando pelo impeachment, mas também a direita", disse ele. O Movimento Acredito tem integrantes de centro e de centro-esquerda.

"O povo brasileiro não aguenta mais essa postura incompetente e os crimes de responsabilidade do presidente. O Brasil já está com 600 mil mortes por Covid. A inflação está de volta, desemprego elevado, a desigualdade e pobreza aumentando", afirmou a liderança do Acredito.

Uma das preocupações entre os organizadores era de que houvesse confronto entre manifestantes de grupos distintos, o que não aconteceu. Policiais militares que fizeram o policiamento na Praça da Liberdade afirmaram que nenhuma ocorrência foi registrada.

“O pessoal superestimou essa questão da briga. Se a gente criar uma narrativa pela democracia, colocando nossas diferenças de lado, não vai ter conflito. Dá para organizar. Acabou que por esse receio parte da esquerda não veio, mas a gente espera colocar todo mundo na rua [no futuro]”, disse Lucas Paulino.

Na reta final da manifestação, os discursos tentaram emplacar o lema de que “amanhã vai ser maior”. “Eu acho que as pessoas estão começando a ter coragem de falar porque o discurso bolsonarista é de ódio e o povo tem medo de se posicionar porque eles são agressivos”, disse Marcela Valente, uma liderança independente. 

“Na época que começamos [as manifestações pelo impeachment] da Dilma, era a mesma coisa. O povo tinha medo e depois o pessoal começou ‘olha, eu quero falar, eu posso falar’. Estou vendo o mesmo cenário”, afirmou.

Bandeiras do PT

PT e PSOL não participaram da manifestação porque, segundo eles, a construção do ato não se deu de maneira conjunta. Eles afirmam que vão trabalhar para que um ato unificado aconteça nos próximos meses.

Embora sem apoio do partido, simpatizantes do PT estiveram presentes e exibiram bandeiras da legenda.“Eu não sou filiada ao partido, embora me identifique com muitas pautas do PT, PDT, PSOL e Rede. Mas independente disso e da orientação do partido, eu quero manter a minha ideia”, disse a psicóloga Ana Paula Vargas, que estava com uma bandeira do PT e com uma bandeira LGBTQI+.

“A esquerda é uma parte da população brasileira, mas não é a totalidade e nem mesmo a maioria. Se a gente quer mudança e uma pauta progressista nas próximas eleições, a gente precisa de alianças e de ampliar nossos contatos. Não dá para ficar só na nossa bolha”, afirmou.

Matéria atualizada às 14h37

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