Belo Horizonte

Manifestantes se reúnem na praça da Liberdade em ato pró-Bolsonaro

Milhares de pessoas participam de ato em apoio ao presidente e a pautas do governo federal, como a reforma da Previdência

Por Fransciny Alves
Publicado em 26 de maio de 2019 | 10:22
 
 
 
normal

Milhares de pessoas se reuniram, na manhã deste domingo (26), na praça da Liberdade, região Centro-Sul de Belo Horizonte, em ato de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). Outras manifestações a favor do presidente ocorreram em várias cidades do país. A Polícia Militar (PM) disse que não ia fazer estimativa do público presente, e os organizadores do ato calcularam entre 30 mil e 40 mil pessoas.

No protesto da capital mineira, os manifestantes apoiaram pautas como a reforma da Previdência e o projeto anticrime do ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro. O público também fez críticas ao grupo de parlamentares no Congresso Nacional conhecido como “centrão” - formado por cerca de 200 deputados de partidos como PP, DEM, MDB, PRB e Solidariedade -, que tem sido resistente com temas de interesse do governo federal. 

Quatro carros de som foram colocados no entorno da praça da Liberdade, na capital mineira. Até mesmo jingles da campanha de Bolsonaro do ano passado foram tocados, assim como músicas feitas logo que ele foi eleito, em outubro de 2018. Os manifestantes estavam vestidos de verde e amarelo ou com camisas da seleção brasileira. Vários deles também carregavam bandeiras.

Quando o protesto foi oficialmente iniciado, por volta das 10h, os presentes cantaram o hino nacional e, logo em seguida, contaram até 17 - número de campanha do presidente - e soltaram balões das cores verde e amarelo ao final. Na contagem, eles pularam o número 13, que faz referência ao PT. Dos trios elétricos também não faltaram críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. 

Diversas faixas foram colocadas no local, sendo que algumas criticavam o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, além de outras em que era declarado apoio a Bolsonaro, a Moro e ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em um dos carros de som, do Movimento Direita Minas, haviam faixas de “Olavo tem razão” – em referência ao escritor Olavo de Carvalho, uma espécie de guru do governo que tem protagonizado discussões acaloradas com membros da ala militar do Executivo. 

No ato ainda foram vendidas camisas em apoio ao presidente, bandeiras do Brasil, faixas ainda da época da eleição com a hashtag "EleSim" e bandanas.

O ato em Belo Horizonte foi organizado por cerca de 10 movimentos. E, ao final da manifestação, as pessoas deram volta na praça da Liberdade com um bandeirão do Brasil. Uma das ideias ir até a praça Sete, na região Centro-Sul, mas eles não tiveram autorização da PM para isso.  

Uma das organizadoras do ato foi a coordenadora do movimento Mulheres da Inconfidência, Marcela Valente, 35. Segundo ela, o intuito é mostrar que o cargo não é do Bolsonaro, mas sim do povo brasileiro: “E nós vamos continuar com ele até o final. Ele tem apoio da população sim. Quando o presidente precisar vamos para a rua”. 

“O centrão está mandando há anos no Brasil. Eles estão acostumados com a troca de cargos, mas trombaram agora com um governo que não vai fazer negociata. Então, eles estão com raiva, mas é isso que o brasileiro quer. A gente foi para as ruas, mudou o governo, exatamente para isso: para não ter negociata”, disse. 

Apoio 
O ato em defesa do presidente não recebeu apoio oficial do PSL, partido de Bolsonaro, que liberou os filiados para irem ou não nas manifestações. A líder do governo no Congresso Nacional, a deputada federal Joice Hasselman (SP), por exemplo, não compareceu, assim como outros políticos da legenda, como a deputada estadual por São Paulo Janaína Paschoal.

Movimentos que apoiaram Bolsonaro durante as eleições, como Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua, também optaram nacionalmente por não participar dos atos. Mas alguns membros desse grupo foram vistos na capital mineira, mas sem se identificarem. 

Por trás dessa decisão está o fato de algumas convocações para os protestos levantarem pautas radicais, como fechamento do STF e do Congresso Nacional.

Mas na capital mineira políticos do PSL marcaram presença. O deputado estadual Bruno Engler foi um deles, que aproveitou para criticar o centrão. “Nós viemos dar o recado de que o Brasil elegeu Bolsonaro para governar com honestidade. O centrão quer a volta da corrupção, a troca de favores, loteamento de ministérios, cargos em estatais. Nós estamos aqui para dizer que não somos contra política e o Congresso Nacional, mas somos contra essas trocas de favores”, disse.

Já o deputado federal Cabo Júnio Amaral afirmou que mesmo com a liberação do PSL, a maioria dos parlamentares da legenda “abraçou” o ato. Ele também defendeu Olavo de Carvalho. “Ele é o principal responsável por essa mudança de consciência do povo brasileiro”, declarou ele que ainda elogiou o presidente. 

Presentes
A bibliotecária Nancy Marcondes Pinheiro, 64, estava acompanhada pelo marido no protesto e explicou que uma das lutas é em favor da CPI da Lava Toga no Congresso Nacional para investigar o “ativismo judicial” em tribunais superiores. 

“São vários os motivos para estarmos aqui, mas principalmente em apoio a reforma da Previdência, contra o STF e a corrupção de alguns ministros que estão advogando para bandido e não para a população. Também é importante pensar que o dinheiro é do povo e para o povo”, afirmou.

O engenheiro Marcelo Nero, 46, foi juntamente com a filha de seis anos e a mulher para o ato. Ele disse que é favorável as reformas pois são importantes para o país. “Elas são fundamentais para o presente e o futuro. Cada um precisa fazer sua parte para sermos um país desenvolvido. E até agora eu tenho apoiado todas as mudanças. Tenho uma mente progressista e acho que todo país que quer evoluir precisa de mudança, mas efetiva e não só verbal”, falou.

Já o motoboy João Bryan, 30, estava com um bandeirão com a imagem do presidente e acabou virando parada obrigatória para os manifestantes que queriam tirar fotos. Com a camisa do Exército ele afirmou que o protesto era livre e democrático: “É o primeiro presidente honesto que temos e temos que apoiar. É a primeira vez que o povo está indo pra rua apoiar um governo e não está recebendo nada em troca disso, ao contrário da militância do PT”.

Xingamentos

Algumas  pessoas na manifestação em Belo Horizonte hostilizaram com xingamentos e palavras de baixo calão uma equipe da TV Globo Minas que foi até o local cobrir a manifestação. Eles deixaram a praça.

Teste
Os protestos deste domingo podem significar ao final um teste de popularidade de Bolsonaro após quase cinco meses de gestão. Na última semana, pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que o presidente é aprovado por 35% dos brasileiros. Essa foi a pior avaliação, em 24 anos, do início de mandato de um governo. 

Fora isso, nos últimos dias, o Executivo teve que enfrentar manifestações com milhares de pessoas nas ruas de todo o país contra os cortes na área da educação. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!