Uma manobra que supostamente envolve deputados federais, ex e atuais vereadores de Belo Horizonte pode beneficiar Wellington Magalhães (DC) na votação da próxima semana, que vai analisar a cassação do mandato do parlamentar. Isso porque Fernando Borja (Avante), que ano passado votou pela perda do mandato de Magalhães, foi convocado para assumir a cadeira da deputada Greyce Elias (Avante) no Congresso depois que ela teve uma filha, na última quinta-feira.
Greyce é mulher do ex-vereador Pablito, que teria articulado junto ao deputado Luis Tibé (Avante) uma licença maior do que a prevista no regimento da Câmara dos Deputados, que é de 120 dias, fazendo com que Borja fosse convocado por ser o suplente.
Segundo apurou o Aparte, Borja teria ido a Brasília participar da articulação e se inteirar sobre como seria sua posse.
Borja, entretanto, nega que tenha ido à capital federal para esse fim. “Não houve negociação. Estive em Brasília, principalmente, porque meu partido me permitiu que conseguíssemos verbas para algumas entidades que existem em Belo Horizonte. No dia em que estava em Brasília foi liberado o que nós tínhamos (de verba) lá. Não tem nada a ver conversa minha com Pablito”, garantiu.
Nos bastidores, conforme apurou a coluna, a manobra serviria para que Magalhães tivesse um voto a mais pela manutenção do mandato, uma vez que Borja já votou de forma contrária.
O suplente de Borja na Câmara de BH, Ricardo da Farmácia (Avante), foi comunicado ontem sobre a vacância do cargo. Em conversa com o Aparte, ele disse ser funcionário no comércio onde trabalha e que precisaria conversar com o patrão para conseguir a liberação.
“Ainda não sei quando vou tomar posse, depende muito da licença que vou ter que pegar na farmácia. São quatro meses (de licença de Borja) apenas, tenho 20 anos na farmácia e como vou conseguir, de uma hora para outra, se fui comunicado agora? Aqui tem gente em férias, só daqui a dez, 15 dias deve ocorrer isso (a posse)”, disse o suplente, afirmando estar entre “a faca e a espada”.
Ricardo, entretanto, rechaçou não assumir o lugar na Câmara. Apesar de declarar que não teve direcionamento do partido sobre quando tomar posse, o prazo estipulado converge com a manobra, já que a votação de Magalhães deve ocorrer no dia 21.
Em contato com a coluna, Pablito disse não ter interesse sobre Wellington Magalhães e que não tem mais vínculos na Câmara da capital. “É um absurdo quem está falando isso. Minha esposa não conversou nem com o suplente (Borja), nem com Tibé”, disse. Questionado se ele teria estado com um dos dois, afirmou não ter visto o suplente, mas “encontra sempre” Tibé na capital federal.
O Aparte tentou contato com Luis Tibé, mas não obteve sucesso.