Mariângela Duarte assumirá mandato

BRASÍLIA " A noite de Mariângela Duarte (PTSP) foi cheia de compromissos. Aula em um projeto social de Santos (SP), plenária com lideranças comunitárias locais e o lançamento do livro de um amigo. Tudo para se manter ocupada e não assistir à "decaptação" do colega de militância, José Dirceu (PT-SP), na Câmara dos Deputados.

A professora licenciada, que vive da vida pública há quase 18 anos, é a primeira suplente da coligação PT-PCdoB e a irá ocupar o gabinete 924 do anexo quatro da Câmara dos Deputados, até ontem ocupado pelo ex-ministro da Casa Civil.

Aliada de Dirceu e confiante que o ex-ministro poderia surpreender aqueles que davam como líquido e certo o enterro de sua vida pública, a deputada deve tomar posse hoje ou amanhã.

Para não dar azar e trair a torcida do correligionário, evitou comprar passagem de ida a Brasília, afirmando que só retornaria à capital federal depois de oficialmente convocada pela mesa diretora da Câmara.

"Isso não dá sorte e não seria leal da minha parte com o José Dirceu. Também não vou assistir. Não acho que acompanhar esse julgamento político seja producente", adianta.

Carioca de nascimento, mineira de criação e paulista de formação, Mariângela não é novata no Congresso Nacional. Por lá esteve de 4 de fevereiro de 2003 a 20 de julho passado, como suplente de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), na época à frente do Ministério da Coordenação Política.

Com o retorno dele à Câmara, ela voltou ao posto de suplência. Por já ter sido diplomada uma vez, os protocolos de posse, como os de juramento à bandeira, serão suprimidos, o que deve tornar imediata sua retomada à atividade parlamentar.

Sul de Minas
Ontem, a ocupante da cadeira de José Dirceu se lembrava das semelhanças que a ligam ao parlamentar cassado. Ambos com 59 anos e mineiros " "seja de nascimento ou não".

Dos 4 aos 18 anos de idade, a deputada viveu em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, enquanto Dirceu é natural de outra Santa Rita, a do Passa Quatro. Da cidade, partiu para Santos, já casada com um mineiro de Lambari.

À terra "de criação", como ela mesmo define", não volta mais, apesar de possuir uma casa na cidade natal do marido. No início do mandato de deputada federal, diz que chegou a contatar secretários de Estado de Minas, com o propósito de trabalhar no Congresso pela região onde viveu parte da infância e a adolescência.

Mandatos
Foi na Baixada Santista que Mariângela Duarte se iniciou na vida pública, eleita vereadora em 1988, por dois mandatos consecutivos. Da Câmara Municipal, foi direto para a Assembléia Legislativa de São Paulo, onde ficou até o final de 2002.

"Apesar de viver quarenta anos de minha vida em São Paulo, jamais poderei me esquecer de Minas. Devo toda a minha educação ao Estado e aos profundos laços que tenho com os mineiros", concluiu.