O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), fez uma crítica ao governo Lula (PT) e afirmou que a União tem se mantido insensível aos problemas enfrentados pelos Estados. Ele citou como exemplo a forma como o governo federal tem tratado as reivindicações dos produtores mineiros de leite e também ao setor de produção de borracha, em São Paulo e Mato Grosso.
Mateus Simões foi o entrevistado do quadro Café com Política da FM O TEMPO 91,7, nesta sexta-feira (22), e analisou o cenário atual.
“É triste a falta de sensibilidade do governo federal para problemas locais. Nosso problema em Minas é o leite, mas se for para São Paulo e Goiás, por exemplo, o problema é borracha. O Brasil está importando leite e borracha de países que estão subsidiando a produção disso lá”, diz.
“Vou falar da borracha para não dizer que estou com implicância por causa do leite em Minas Gerais. Estamos importando borracha da Indonésia onde a borracha é produzida com trabalho semi-escravo. Todas as fazendas de borracha da Indonésia seriam fechadas se fossem no Brasil. E ao não colocar nenhuma barreira, fazemos que o produtor brasileiro trabalhar dentro da regra signifique não vender ou ter que vender abaixo do custo. No caso do leite é a mesma coisa”, explica.
O vice-governador mineiro falou que o país não pode permitir que o mercado interno de produtos como o leite, que o Brasil é um grande produtor, seja regulado pela interferência de governos estrangeiros. “Alguns mais antigos vão lembrar dos problemas que a gente tinha quando a Argentina mexia no preço do trigo deles. A gente tanto fez que hoje, apesar de não termos uma produção de trigo autossuficiente, mas temos uma boa produção. O caminho inverso está acontecendo no leite. Nós que somos independentes na produção de leite, há décadas, estamos começando a ficar dependentes”, diz.
Na segunda-feira (18), o governo de Minas Gerais anunciou que iria retirar condições especiais de tributação de grandes laticínios que importam leite da Argentina e do Uruguai.