Bastidores

Incômodo e reclamação no grupo de WhatsApp da bancada mineira no Congresso

Se tornou recorrente que os parlamentares contestem mensagens do coordenador do grupo e líder do PSD na Câmara, Diego Andrade, por ele apoiar Bolsonaro

Por Fransciny Alves
Publicado em 04 de maio de 2020 | 16:31
 
 
 
normal

O clima no grupo de WhatsApp da bancada mineira do Congresso Nacional não tem sido nada amistoso. Se tornou recorrente que os parlamentares contestem mensagens do coordenador do grupo e líder do PSD na Câmara, Diego Andrade, de apoiar ideias do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Um interlocutor mostrou parte das conversas à coluna Minas na Esplanada, em que é possível ver o incômodo dos mineiros.  

Andrade tem enviado mensagens, fotos e vídeos no grupo que corroboram com a ideia do presidente de flexibilizar as regras de isolamento social por conta da Covid-19 para a retomada da atividade econômica no país. Além disso, ele também enviou foto em que estava ao lado do chefe do Palácio do Planalto, o elogiando. Em uma das publicações, o líder diz que nem mesmo os cientistas têm certeza sobre o coronavírus.

“Respeito os colegas que pensam diferente, mas acredito que é hora de se criar protocolos de segurança para retomada de atividades já! Com máscaras, álcool em gel, sem aglomerações (somente as atividades com muita aglomeração continuariam suspensas) temos que nos adaptar! A conta desse monte de benesses vai ficar com nossos filhos e netos! Ninguém tem certeza de nada, nem os cientistas! O vírus é novo para eles também!”, diz trecho de uma das mensagens encaminhadas.

Alguns deputados contestaram essa e outras publicações. Um deles foi Mario Heringer (PDT). Ele disse que respeita o deputado, mas acha “inapropriada” uma mensagem com esse teor por parte do coordenador. “Tem uma quantidade de baboseira baseadas em vontades e não em conhecimento e isso não pode ser usado para o convencimento dos seus colegas parlamentares”, escreveu o político. Ele ainda "aconselhou” Andrade a abster de escolher lados como coordenador da bancada.

Em outra oportunidade, ao também sair em defesa de um discurso de Bolsonaro, o líder do PSD escreveu que os ex-ministros Sergio Moro (Justiça) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) são bons, mas o “problema” é que “deslumbraram com a possibilidade de alçar candidaturas a partir do cargo que lhes foi confiado”. “Ao invés de realizar o trabalho, preferiram fazer politicagem”, opinou.

A deputada Áurea Carolina (PSOL) pediu a Andrade para resguardar o papel de líder ao invés de “defender o governo indefensável”. “Aqui não é espaço pra isso”, escreveu. Ele rebateu que tem se dedicado com muito carinho à liderança nos assuntos convergentes para Minas e para a bancada, mas continua tendo opiniões individuais e respeitando as dos colegas: “Não falei como líder do PSD ou coordenador! Falei como deputado Diego”.

Procurado, Diego Andrade enviou uma frase do ex-senador e membro da Academia Brasileira de Letras Marco Maciel: "Devemos buscar sempre, entre o que nos separa, aquilo que pode nos unir, porque, se queremos viver juntos na divergência, que é um princípio vital da democracia, estamos condenados a nos entender".

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!