Câmara

Procuradoria avalia se já pode pedir cassação de deputado mineiro

Euclydes Pettersen (PSC-MG) é investigado por conta da operação Caixa Fantasma

Por Lucas Ragazzi
Publicado em 31 de janeiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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A nova legislatura ainda não começou, mas Minas Gerais já corre o risco de perder o seu primeiro deputado federal eleito. Promotores do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) enviam, hoje, cópias de documentações acerca da investigação que envolve o deputado federal eleito Euclydes Pettersen (PSC-MG) à Procuradoria Regional Eleitoral de Minas.

Com os documentos, a Procuradoria vai avaliar se já existem fundamentações suficientes, por lei, para pedir a cassação de mandato de Euclydes Pettersen, que toma posse amanhã. Na semana passada, o MPMG e o Gaeco deflagraram a operação “Caixa Fantasma”, em Governador Valadares, que tinha, como um dos alvos, o deputado eleito.

A investigação apontou possíveis irregularidades na campanha de Pettersen. A estrutura de um hospital local teria sido usada para garantir a promessa de tratamento de saúde feita aos eleitores. A facilitação a esse hospital se dava pelo intermédio do ex-deputado Jayro Lessa. O MP afirma que ele “tinha acesso” a nada menos que 21 procedimentos cirúrgicos, e os utilizava para a prática da compra de votos.

Em meio ao material em posse do MPMG, há vídeos gravados de conversas por aplicativos de telefone em que o deputado eleito marca consultas no hospital. A gravação foi feita durante a apuração de outra operação, a Octopus, que apurou a prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e organização criminosa ocorridos na prefeitura de Divino das Laranjeiras entre 2005 e 2016.

Além do uso da estrutura da saúde, o MPMG apurou também que Pettersen tinha vínculos com outros prestadores de serviço na área da saúde, com os quais garantia procedimentos médicos gratuitos para os seus eleitores, em especial na área de oftalmologia.

A investigação identificou ainda a “possível prática do crime de caixa 2 eleitoral, uma vez que o candidato eleito, supostamente, deixou de declarar despesas e receitas realizadas em sua campanha, havendo movimentações financeiras suspeitas em sua conta pessoal que não condizem com os valores recebidos por aqueles com quem fez a transação bancária”.

Eleito por 65.316 votos, a maioria na região de Governador Valadares, Pettersen nega as irregularidades e diz que irá provar na Justiça que sua campanha foi feita de forma legal.

Além dele, a operação mirou os ex-deputados Jayro Lessa e Hélio Gomes, cabos eleitorais de Pettersen na região, e aliados próximos. O deputado eleito, aliás, chegou a atuar de forma ativa no gabinete da ex-deputada Brunny (PTC), ex-mulher de Hélio Gomes.

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