Caso JBS

'Não renunciarei. Sei da correção dos meus atos', diz Temer

Em pronunciamento, presidente Michel Temer questiona gravação de empresário Joesley Batista e pede para ter acesso à delação premiada do empresário

Por Da redação
Publicado em 18 de maio de 2017 | 16:18
 
 
 
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O presidente Michel Temer fez um pronunciamento na tarde desta quinta-feira (18) informando que não renunciará do cargo. Nessa quarta-feira (17), foi revelado pelo jornal "O Globo" que o dono da empresa JBS, Joesley Batista, gravou declarações comprometedoras do presidente Michel Temer (PMDB) e do senador Aécio Neves (PSDB) durante conversas informais.

Batista, que já possui um acordo de delação premiada com a Justiça Federal, levou as gravações ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que fossem homologadas. Nestas conversas, o presidente teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro para que estes ficassem em silêncio.

Já Aécio Neves teria pedido R$ 2 milhões para ajudar a pagar suas despesas com a defesa na Operação Lava Jato.

Veja o pronunciamento

Leia a íntegra:

"Uma declaração à imprensa brasileira e ao país. Só falo agora, e os fatos se deram ontem, porque tentei conhecer primeiramente o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente, ao STF acesso a esses documentos, mas até o presente momento, não o consegui. Quero deixar muito claro dizendo que o meu governo viveu nesta semana seu melhor e pior momento. Os indicadores de queda da inflação, números de retorno do crescimento da economia e dados de geração de emprego criaram esperanças de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam no congresso nacional.

Ontem (quarta, 17), contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise política, de proporção ainda não dimensionada. Portanto, todo o imenso esforço de retirar o país de sua maior recessão pode se tornar inútil. Não podemos jogar no lixo todo o trabalho feito em prol do país. Ouvi realmente o relato de um empresário, que por ter relações com o ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar.

Não solicitei que isso acontecesse e somente tive conhecimento nessa conversa. Repito: em nenhum momento autorizei que pagasse a quem quer que seja para ficar calado, não comprei o silêncio de ninguém, por uma razão: exata e precisamente porque não temo nenhuma delação. Não preciso de encargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome, na universidade, vida pública, meus escritos, meus trabalhos, e nunca autorizei que utilizassem meu nome indevidamente.

Quero registrar que a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território onde surgirão todas as explicações e no supremo demonstrarei não ter nenhum envolvimento com esses fatos.

Não renunciarei. Repito: não renunciarei! Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade de dúvidas não pode persistir por muito tempo. Se fora rápidas as gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e soluções a essas investigações. Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso é com o Brasil e é só esse compromisso que me guiará. "

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