Eleições

‘Não sou e não serei candidato’

Michel Temer nega que intervenção federal na segurança pública do Rio tenha caráter eleitoreiro


Publicado em 24 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Brasília. O presidente da República, Michel Temer (MDB), disse nesta sexta-feira (23), em entrevista à rádio Bandeirantes, que não é e não será candidato à reeleição em 2018. “Não. Tenho dito reiteradamente. As circunstâncias é que ditam a conduta. Eu não serei candidato”, afirmou.

Temer foi questionado sobre a suposta motivação eleitoral por trás da intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro. O emedebista refutou a hipótese. “A intervenção na segurança do Rio de Janeiro é uma jogada de mestre, mas nada eleitoral. Eu sou candidato a fazer um bom governo”, respondeu.

Depois da afirmativa, Temer passou a pontuar as realizações de seu governo, principalmente nas áreas da economia e da educação. Por fim, declarou que não vai tolerar “sair da Presidência como um sujeito corrupto”. E argumentou que ficará até o fim de seu mandato trabalhando também para defender sua biografia porque, senão, “em determinado momento, isso pega”.

Apesar da negativa quanto à candidatura, Temer já acionou o Palácio do Planalto, que está pedindo a todos os ministérios uma relação completa de realizações, possíveis inaugurações e anúncios de balanços positivos para que o presidente possa “faturar” com as ações. O governo iniciou também uma campanha publicitária para dizer que “vai tirar o Rio de Janeiro das mãos da violência”.

Admitindo ou não o caráter eleitoreiro da ação militar, fato é que Temer alcançou popularidade – não necessariamente positiva – nas redes sociais. O presidente superou o volume de menções no Twitter em comparação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que lideram as pesquisas de intenção de voto até aqui. Enquanto Temer foi citado 439.634 vezes de 15 a 21 de fevereiro, Lula recebeu 330.949 menções, e Bolsonaro, 289.737.

Outro sinal de que o emedebista pode estar faturando projeção eleitoral com a intervenção, segundo a coluna “Painel”, da “Folha de S.Paulo”, é exatamente a reação do PT à medida. Integrantes de partidos da base do governo ficaram convencidos de que Temer deu uma tacada certeira com a intervenção federal. A pedido de Lula, inclusive, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, ficou incumbido de formular propostas de combate ao crime e à violência.

Gafe. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse na sexta-feira que o último presidente da República nascido em São Paulo foi Rodrigues Alves, ignorando Michel Temer. “Ah, sim, é verdade”, respondeu ao ser questionado pela imprensa sobre o erro. E acrescentou: “O atual não vale, estamos falando do passado... O último eleito”.

Impedimento. Embora o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo tenha incluído o nome de Temer em uma lista de políticos inelegíveis em 2016, a situação dele é controversa.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai ter que examinar se concede ou não o registro, caso o presidente decida se candidatar. Temer foi condenado pelo TRE a pagar multa de R$ 80 mil por doação ilegal ao MDB. O Ministério Público Eleitoral recorreu para aumentar o valor, mas o recurso foi negado em 2016, apesar de mantida a condenação.

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