Nomes do MBL devem deixar o DEM e migrar para o Partido Novo

Dois dos principais nomes do Movimento Brasil Livre (MBL), atualmente filiados ao Democratas, podem deixar a sigla em breve. O deputado estadual por São Paulo Arthur do Val e o vereador da capital paulista Fernando Holiday confirmaram que estão em conversas com o Partido Novo. Por trás da mudança, está a disputa pela prefeitura de São Paulo no próximo ano e divergências em relação ao alinhamento do DEM com bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (PSL). 

Os parlamentares falaram sobre o assunto durante a realização do primeiro congresso estadual do MBL em Minas, ocorrido neste sábado (28), em Belo Horizonte. 

A decisão depende muito mais do partido comandado por João Amoedo do que dos parlamentares. “Não basta decidir ir para o Novo. Eles têm um processo seletivo, e a gente precisa dialogar também sobre algumas divergências que já tivemos no passado, mas existem sim algumas conversas”, disse Holiday, ressaltando a afinidade ideológica com a sigla. Tanto o MBL quanto o Novo defendem o liberalismo econômico. “Digamos que eu não veja empecilhos para não ir. Mas não sei se eles têm empecilhos para me aceitar”, acrescentou.

Apesar de ter dito que sempre desfrutou de liberdade política dentro do DEM, o vereador explicou que o diálogo com o Novo passa pela construção de uma coalizão de direita. “É realmente reaglutinar forças que não necessariamente sejam da base de Jair Bolsonaro. A ideia é mostrar que existem outros grupos de direita que se identificam dentro desse espectro ideológico, mas que nem sempre concordam com o governo”.

A saída de Arthur do Val é mais iminente. Ele deixou claro que pretende disputar a prefeitura da capital paulista no próximo ano, e diante da possibilidade cada vez mais certa de o DEM apoiar o nome do atual prefeito Bruno Covas (PSDB), não vê outra alternativa. “Pessoalmente tenho muita simpatia pelo Novo, e provavelmente sairei do DEM. Não é certo, mas é provável, já que eu quero disputar a prefeitura de São Paulo e o DEM provavelmente vai apoiar o Bruno Covas”. O deputado se inscreveu no processo seletivo do Novo para se tornar um dos filiados.

O parlamentar disse que recebeu diversos convites, “alguns até improváveis”, mas não citou quais siglas teriam feito propostas. “Eu não tenho alinhamento ideológico nenhum com o DEM. Nem saberia te dizer qual é a ideologia do partido, mas eles me dão total liberdade para falar mal (do partido)”, disse, afirmando que só precisa “de uma sigla para a disputa”. “Estou me lixando para partido. Para mim, o que importa é muito mais a minha base, o que eu acredito e no que eu milito”.

Por enquanto, ainda é incerto se a debandada vai atingir também o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), um do fundadores do MBL. “Ainda está bem nebuloso porque a lei vai mudar, ninguém sabe que rumo vai tomar. Tem algumas emendas, e uma delas é a da Renata Abreu (deputada federal do Podemos-SP), que estende a janela. Eu acho que o Kim não pretende mudar, mas é uma coisa muito nebulosa ainda”.