Eleições

'Nossa cidade está entregue à incompetência e falta de energia', diz Gabriel

Em lançamento de pré-candidatura do MDB, Gabriel Azevedo foge de polarização Lula-Bolsonaro e 'escolhe' Fuad Noman como adversário

Por Hermano Chiodi
Publicado em 15 de março de 2024 | 15:18
 
 
 
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O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Gabriel Azevedo transformou a oficialização de sua filiação ao MDB, nesta sexta-feira (15), no primeiro grande ato de sua pré-campanha a prefeito da capital mineira.

Em seu discurso, Gabriel Azevedo fugiu da polarização entre petistas e bolsonaristas, que tem em Belo Horizonte as pré-candidaturas de Rogério Correia (PT) e Bruno Engler (PL), respectivamente, e mirou suas críticas ao atual prefeito, Fuad Noman (PSD). Os dois têm protagonizado disputas no cenário político municipal e o pré-candidato emedebista focou no prefeito e evitou nacionalizar o debate.

“Ser moderado e ter equilíbrio, não significa não ter tempero ou ser frouxo. Ter boas ideias e estar ponderado não significa não ter energia. Eu sou um radical porque eu amo essa cidade de forma radical. Eu sou radical quando vejo um buraco na rua, quando vejo um ônibus sem ar condicionado, quando vejo gente dormindo na rua (...) Nossa cidade está entregue à incompetência e falta de energia”, afirmou Gabriel.

Por mais de uma vez Gabriel discursou tentando diminuir a importância da radicalização ideológica e tentando afastar a influência da disputa nacional na eleição municipal. “A gente não tem que se esforçar para enfrentar essa tal de polarização. Aborto é um tema, por exemplo, que mobiliza as pessoas porque tem gente que é a favor e gente que é contra. Só que quem vai ser vereador é quem vai ser prefeito, não decide aborto”, destacou o pré-candidato.

Gabriel afirmou que sua futura plataforma de campanha em Belo Horizonte será guiada pela ideia de “Três T: Trabalho, Teto e Transporte”. 

“Essa cidade precisa de moradia. Sem um lugar para as pessoas morarem não existe política social no tecido urbano; precisamos adensar e requalificar o centro; precisamos de um programa forte para as favelas (...) precisamos de trabalho, gerar emprego e renda em Belo Horizonte. Tudo isso é difícil porque temos uma prefeitura lerda, lenta, que burocratiza a vida do cidadão. E Transporte, mas isso não é promessa é  realização. Fomos nós que fizemos isso acontecer. São quase 600 novos ônibus com economia da Câmara de Belo Horizonte”, argumentou.

MDB

A escolha pela legenda veio após o presidente ficar quase dois anos atuando no Parlamento municipal sem estar filiado a um partido e acontece no limite do que determina a legislação eleitoral, o prazo final para um candidato nas eleições de 2024 estar filiado a um partido se encerra em 6 de abril.

“Aqui eu não preciso de carta de compromisso garantindo minha liberdade de atuação. Aqui (no MDB) eu tenho essa garantia naturalmente”, destacou o presidente da Câmara.

O presidente nacional da legenda, deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), disse que a filiação de Gabriel teve resistência, mas que o partido acredita ganhar com a adesão do presidente da Câmara de Belo Horizonte. “Recebemos ligações de caciques importantes pedindo que o partido não recebesse o Gabriel, me parece que a candidatura dele não agrada essas pessoas, mas para o MDB é importante para fortalecer o partido em Minas Gerais e no país”, disse sem, no entanto, revelar quais seriam essa lideranças que teriam pressionado pela não filiação de Gabriel ao partido.

Newton Cardoso Júnior, afirmou que o partido ainda está construindo candidaturas na região metropolitana e no Estado. Ele destacou que a vinda de Gabriel para o partido fortalece a posição da legenda e beneficia os dois. “É bom para o Gabriel, que tem uma legenda forte junto com ele; é bom para o MDB que ganha uma liderança jovem e importante na cidade; e é bom também para a população que terá essa opção nas eleições”, disse.

O destaque do MDB na região metropolitana, em 2020, foi a eleição de Ricardo Faria na chapa vitoriosa de Marília Campos, em Contagem. Para o pleito de 2024, o partido tem recebido convites de outras legendas. Em suas redes sociais o presidente divulgou um pedido que teria sido feito pelo secretário de governo de Romeu Zema, Gustavo Valadares, para que o partido apoiasse a candidatura do deputado Cabo Junio Amaral (PL), que é pré-candidato em Contagem com o apoio do governador.

Porém, Newton Cardoso afirmou que a intenção é repetir a parceria com a prefeita de Contagem, que será candidata à reeleição. O presidente do MDB não cogitou a troca de apoio a Gabriel em Belo Horizonte pelo suporte em outras cidades mineiras.

No palco ao lado de Gabriel e Baleia Rossi estavam lideranças importantes do partido em Minas Gerais, como o presidente estadual da sigla, deputado federal Newton Cardoso Júnior, o deputado federal Hercílio Coelho Diniz, e o deputado estadual João Magalhães, líder do governo Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa.

Uma das ausências notadas foi a do presidente da Assembleia mineira, deputado Tadeu Martins Leite (MDB) que não compareceu. Seu colega de bancada, João Magalhães justificou dizendo que o presidente do Legislativo estadual não pode comparecer por compromissos de trabalho. 

Pelo menos outros três deputados estaduais já colocaram o nome em disputa pela prefeitura da capital: Bella Gonçalves (PSOL); Ana Paula Siqueira (Rede); e Bruno Engler (PL). Por isso alguns interlocutores do MDB avaliam que a presença de Tadeu poderia criar constrangimentos com colegas de Assembleia.

Vice

Gabriel apresenta sua candidatura com uma vaga de vice-prefeito aberta para composição de chapa. A escolha segundo o presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, passará por Belo Horizonte. “O MDB é um partido nacional, já recebemos diversas legendas dispostas a compor uma candidatura conosco. Mas a gente respeita as instâncias e essa decisão será discutida na cidade”, afirma.

Diversos vereadores de Belo Horizonte, que apoiam a gestão de Gabriel na Câmara, estiveram presentes no evento e dividiram palco com o agora pré-candidato do MDB. Entre eles, nomes que tem sido ventilados como possíveis vice na chapa do presidente da Câmara, como o vereador Henrique Braga (PSDB), que ficou ao lado do presidente durante todo seu discurso, e Loíde Gonçalves, atualmente no Podemos. Ela foi chamada por Gabriel para participar da entrevista coletiva ao lado do presidente da Câmara.

 

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